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A ave que voa até 13 mil km e quase não dorme para acasalar com o maior número de fêmeas

Pesquisadores acompanharam 120 aves com um pequeno aparelho acomplado a seus corpos - Thinkstock
Pesquisadores acompanharam 120 aves com um pequeno aparelho acomplado a seus corpos Imagem: Thinkstock

13/01/2017 10h47

Quando se trata de passar seus genes à geração seguinte, o maçarico-de-colete (Calidris melanotos) não poupa esforços.

Pesando no máximo 100 gramas, machos dessa pequena espécie de ave são capazes de voar milhares de quilômetros em um único mês para acasalar com o maior número de fêmeas possível.

Em média, segundo ornitólogos do Instituto Max Plank em Seewiesen, na Alemanha, eles percorrem 3 mil km durante o período de acasalamento no Alasca, mas, entre os 120 pássaros monitorados, foi registrado um espécime que superou os 13 mil km ao visitar 24 locais para se reproduzir.

E não é só: antes da temporada de acasalamento, os maçaricos-de-colete já tinham realizado outra façanha, a de voar da América do Sul, onde passam metade do ano, até o verão do Alasca.

Como a época de reprodução dura entre quatro e seis semanas, essas aves têm de aproveitar ao máximo esse tempo no extremo norte do Hemisfério Norte.

"Para ter sucesso e se reproduzir, os machos reduzem o tempo em que dormem para defender e cortejar as fêmeas quase sem descanso durante os intermináveis dias do verão ártico", destacam os autores do estudo.

Competência

Pássaro 2 - Thinkstock - Thinkstock
Na época de reprodução, o macho desta espécie concentra toda sua energia na busca por fêmeas
Imagem: Thinkstock

Bart Kempenaers, coautor da pesquisa, diz que esse comportamento nunca havia sido observado antes. "Antes dessa descoberta, pensava-se que machos e fêmeas migravam para um único local, onde se reproduziam naquele ano", explica.

A necessidade de mudar constantemente de local é explicada pela dura concorrência por fêmeas neste grupo de aves. Os machos que ficam em um único lugar têm poucas chances de acasalar.

Essa estratégia permite que eles "avaliem as possibilidades locais e, se não são boas, se mudem para o lugar seguinte", acrescenta Kempenaers.

Na opinião dos cientistas, é possível que esse comportamento se repita com outras espécies em que os machos se concentram na busca por fêmeas e não tem papel no cuidado com as crias.