Patriota admite que ficou frustrado com texto, mas exalta vitória da diplomacia brasileira
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, atribuiu à habilidade da diplomacia brasileira o consenso sobre o rascunho do documento da Rio+20, que será apresentado aos chefes de Estado e governo, a partir de amanhã. Apesar disto, reconheceu estar insatisfeito com alguns pontos.
“Foi uma vitória do multilateralismo, um novo multilateralismo, no qual o Brasil exerce um papel de liderança. O espírito do Rio ainda continua vivo, 20 anos depois. Em função das dificuldades e divergências, não foi pouco o que foi conseguido aqui”, declarou, ao ressaltar que mais de 60% do texto foi acordado sob mediação brasileira.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que esta foi uma “vitória da diplomacia brasileira” e também do governo do país.
“Muito da posição brasileira está no documento aprovado, como o piso social, assegurar o não retrocesso do legado da Rio92 [como o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas], oceanos, a mensuração da riqueza além do PIB e a questão do consumo”, afirmou Teixeira.
Patriota também distinguiu a participação brasileira como presidente das negociações e como parte da Conferência. “Existem as ambições do Brasil como participante da Conferência, e o papel do país como anfitrião na busca do consenso”.
Sobre a retirada do texto da expressão “direitos reprodutivos”, que designa a autonomia da mulher para decidir quando ter filhos, o ministro se disse frustrado. “Infelizmente, existe uma divisão profunda dos participantes [sobre o tema], vamos continuar batalhando por este tema em outros fóruns. Mas não vou enumerar os pontos em que fiquei frustrado, pois haveria muitos outros”.
Para concluir, Patriota ressaltou que chegou-se a um mapa do caminho para o desenvolvimento sustentável e a governança. “Era um quebra-cabeça difícil de concatenar, temos agora uma base sólida para trabalhar. O resultado é muito satisfatório, em primeiro lugar porque existe um resultado. Até ontem existia a perspectiva de ter texto ou não ter texto”.
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