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Mudanças climáticas podem matar 100 milhões de pessoas até 2030, alerta estudo

Nina Chestney

De Londres

26/09/2012 13h27

Mais de 100 milhões de pessoas vão morrer até 2030 se o mundo fracassar no combate às mudanças climáticas, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (26). Encomendado por 20 governos, o estudo também destaca que o crescimento econômico global será reduzido em 3,2% do PIB (Produto Interno Bruto) nesse período.

À medida que as temperaturas médias globais sobem devido às emissões de gases de efeito estufa, as consequências sobre o planeta, tais como derretimento de calotas de gelo, condições meteorológicas extremas, secas e elevação dos mares, vão ameaçar populações e meios de subsistência, afirma o relatório conduzido pela organização humanitária Dara.

O órgão calculou que 5 milhões de mortes ocorrem a cada ano devido à poluição do ar, à fome e às doenças que resultam das mudanças climáticas e das economias com uso intenso de carbono. Se  os atuais padrões de uso de combustíveis fósseis continuar, é provável que esse número suba para 6 milhões por ano até 2030.

Mais de 90% dessas mortes ocorrerão nos países em desenvolvimento, apontou o relatório, que calculou o impacto humano e econômico da mudança climática em 184 países entre 2010 e 2030. O documento foi encomendado pelo Fórum Clima Vulnerável, uma parceria de 20 países em desenvolvimento ameaçados pela mudança climática. "Uma crise combinada carbono-climática deve custar 100 milhões de vidas entre este ano e o final da próxima década", afirma o relatório.

O documento mostra, ainda, que os efeitos da mudança climática tinham reduzido a produção global em 1,6% do PIB mundial, ou US$ 1,2 trilhão por ano. As perdas poderiam dobrar para 3,2% do PIB mundial até 2030 se for permitido que as temperaturas globais subam, ultrapassando 10% antes de 2100 - o custo de mudar o mundo para uma economia de baixo uso de carbono é estimado em cerca de 0,5% do PIB nesta década.

Contando o custo

Em resposta ao relatório, a Oxfam Internacional disse que os custos de uma falta de ação política sobre o clima são "surpreendentes". "As perdas para a agricultura e a pesca podem chegar a mais de US$ 500 bilhões por ano até 2030, fortemente concentradas nos países mais pobres, onde milhões dependem desses setores para ganhar a vida", disse o diretor-executivo Jeremy Hobbs.

As temperaturas já subiram cerca de 0,8 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. Em 2010, quase 200 nações concordaram em limitar o aumento da temperatura média global a menos de 2 graus Celsius para evitar os impactos perigosos das mudanças climáticas.

Mas cientistas do clima alertam que a chance de limitar o aumento para menos de 2 graus está ficando menor à medida que as emissões globais de gases de efeito estufa aumentam devido à queima de combustíveis fósseis. As nações mais pobres são as mais vulneráveis, pois enfrentam maior risco de seca, escassez de água, quebra de safra, pobreza e doenças. Em média, elas podem ver uma perda de 11% do PIB até 2030 devido às alterações climáticas, afirmou o estudo da Dara.

"Um grau Celsius de aumento da temperatura está associado com perda de 10% da produtividade na agricultura. Para nós, isso significa perder cerca de 4 milhões de toneladas de grãos de alimentos, representando em torno de US$ 2,5 bilhões. Isso é cerca de 2% do nosso PIB", disse o primeiro-ministro de Bangladesh, xeique Hasina, em resposta ao relatório.