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Empresa italiana cria sepulturas em cápsulas para alimentar árvores

Facebook/Cápsula Mundi
Imagem: Facebook/Cápsula Mundi

Cristina Rocha

Em Roma

31/03/2016 11h49

O corpo humano poderá servir de nutriente para árvores através de um novo método de enterro em cápsulas proposto por uma empresa italiana que pretende começar a aplicá-lo nos Estados Unidos e no Reino Unido.

O projeto consiste em criar cápsulas biodegradáveis em forma de ovo, fabricadas com amido e as cinzas da pessoa falecida - ou inclusive o corpo inteiro - que servirão para nutrir sementes de árvores que serão plantadas em cima.

A ideia de criar assim "florestas de memória" é dos empresários Anna Citelli e Raoul Bretzel, que propuseram que as sementes sejam escolhidas em vida pelos usuários como um "último desejo", explicou Bretzel à Agência Efe.

O projeto foi batizado de "Cápsula Mundi" e prevê a criação de "cemitérios verdes para que (os cemitérios tradicionais) deixem de estar cheios de lápides e se transformem em florestas sagradas frequentadas por amigos", defendeu Bretzel.

Os empresários projetaram dois tipos de cápsulas biodegradáveis, ambas fabricadas a partir de amido de milho e batata.

Nas próximas semanas será lançado um modelo de dimensões reduzidas para conter cinzas humanas, mas o preço por unidade ainda não foi estabelecido, revelou ele.

Haverá também um segundo modelo de dimensões maiores, que caiba um corpo humano colocado em posição fetal. Essa proposta ainda está em fase de desenvolvimento por motivos "técnicos, biológicos e legais", afirmaram os empresários.

Nos dois casos, as cápsulas - ou ovos - desempenham a mesma função que o caixão, já que o corpo será enterrado, mas com a particularidade de que não será em um caixão de madeira, e sim em um contêiner biodegradável.

A intenção é permitir "uma espécie de reciclagem orgânica para fundir o ente querido com a natureza de uma maneira viável e formosa, para fazer um monumento póstumo quando perdemos alguém amado", defendeu Bretzel.

O empresário também considerou "poético e reconfortante" que as pessoas possam visitar a árvore alimentada com restos de seus entes queridos, cuidar dele ou descansar em sua sombra.

Em vez de ir ao cemitério limpar uma lápide, este tipo de enterro permite "dedicar tempo para que uma árvore cresça forte e saudável, sabendo que uma parte de seu ser amado está lá", comentou Bretzel.

"A árvore representa a união entre a terra e o céu. Para fazer um caixão que será utilizado durante três dias é cortada uma árvore que precisou de 10 a 40 anos para crescer", destacou.

Ele também explicou que o tipo de semente que será plantada sobre a cápsula não só dependerá da vontade da pessoa, mas também do clima da região do local do enterro, de acordo com três zonas de referência. Para regiões montanhosas, a sugestão é de zimbreiros e abetos; para as mediterrâneas, oliveiras e eucaliptos.

O tipo de enterro promovido por estes empresários está proibido pela legislação italiana, que estabelece que os cemitérios devem estar situados em uma área controlada e fechada, mas Bretzel e Citelli estão recolhendo assinaturas para modificar uma lei que consideram "antiquada".

Eles garantiram que estão recebendo "vários" pedidos de informação de Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, países que permitem esse tipo de enterro e onde pretendem comercializar as primeiras cápsulas.

"Na Itália está proibido o uso de caixões biodegradáveis, mas não nos consta que esteja proibida sua comercialização", argumentou Bretzel.

O empresário também contou que, com este projeto, quer contribuir para dar uma alternativa que permita evitar a saturação dos cemitérios tradicionais e mostrar que existem soluções inovadoras para o pós-morte.