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Método inédito de transplante pode salvar Grande Barreira de Coral

Grande Barreira de Corais está sofrendo branqueamento por causa do aquecimento global - Greg Torda, ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies
Grande Barreira de Corais está sofrendo branqueamento por causa do aquecimento global Imagem: Greg Torda, ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies

Da Deutsche Welle

27/11/2017 10h48

Pesquisadores da Universidade Southern Cross, na Austrália, conseguiram restabelecer a fauna de um trecho danificado da Grande Barreira de Coral (Great Barrier Reef) utilizando um método inédito, que poderá ajudar a recuperar outros ecossistemas abalados.

No litoral da Ilha Heron, no sul da Grande Barreira, em março último a equipe liderada por Peter Harrison recolheu e incubou uma grande quantidade de ovos de corais. As larvas eclodidas foram então transportadas até trechos enfermos do recife de coral com 2.300 quilômetros de extensão. Oito meses mais tarde, os cientistas confirmam a presença de jovens corais que sobreviveram o transplante e cresceram, protegidos por barreiras de redes.

O bem-sucedido método poderá ser aplicado não só na Grande Barreira de Coral, podendo vir a ter significância global. "Isso mostra que podemos começar a reconstituir e reparar as populações de coral dizimadas", antecipou Harrison, ao apresentar o projeto.

O sucesso desta nova pesquisa não se aplica apenas à Grande Barreira de Corais. Tem também tem potencial global

Peter Harrison, da Universidade de Southern Cross

Segundo ele, trata-se de uma técnica totalmente inédita. Na tradicional, retiram-se "mudas" de corais sadios para instalá-las em outras partes do recife, na esperança de que continuem a crescer.

O novo método já tinha sido testado com sucesso nas Filipinas em áreas de recifes degradadas pela pesca com dinamite.

A agência ambiental australiana responsável pelo Great Barrier Reef considerou este um "passo encorajador" e exortou à ampliação do projeto, para que todo o ecossistema se beneficie.

Biodiversidade ameaçada de morte

As boas notícias chegam em boa hora, pois entre 1985 e 2012 a gigantesca formação coral localizada na costa nordeste da Austrália já perdeu a metade de sua população. As projeções são que até o ano 2100 pouco sobrará da Grande Barreira de Coral.

Declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco em 1981, o maior recife do gênero, no mundo, abriga 400 das 700 espécies de corais conhecidas. Ao lado de mais de 500 espécies de peixes e 4 mil de moluscos, encontram-se animais ameaçados de extinção, como o mamífero dugongo e a grande tartaruga marinha verde.

Entre as causas principais da dizimação da população de corais na Austrália estão a mudança climática e o consequente aquecimento dos oceanos, assim como a poluição marinha provocada pelo tráfego de navios e pela agricultura nas proximidades do litoral.