Líder comunitário que denunciava crimes ambientais é morto em Barcarena
O diretor da Cainquiama (Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia), Paulo Sérgio Almeida Nascimento, 47, foi assassinado a tiros, na madrugada desta segunda-feira (12), em Barcarena, nordeste do Pará.
Nascimento era uma das lideranças comunitárias que denunciava, por meio da associação, crimes ambientais ocorridos na região. Ele era contra a atuação da refinaria Hydro Alunorte, que no mês passado, foi responsável por vazamento de bauxita contaminando o rio Pará. Autoridades locais monitoram a situação das comunidades atingidas pelo desastre ambiental.
O assasinato de Nascimento está sendo apurado pela Delegacia de Vila dos Cabanos e ainda não há pista sobre o paradeiro dos criminosos. Até agora nenhum suspeito foi detido.
Leia mais:
- Mineradora norueguesa tinha 'duto clandestino' para lançar rejeitos em nascentes amazônicas
- Famílias do PA vão receber R$ 10,5 mi após naufrágio espalhar óleo e carcaças de boi pelo litoral
Segundo a polícia, Nascimento tinha ido usar o banheiro, que fica do lado de fora da casa dele, durante a madrugada quando foi abordado por dois homens e assassinado a tiros. Testemunhas relataram à polícia que homens em motos estavam rondando o imóvel dele.
O advogado da Cainquiama, Israel Moraes, destacou que a vítima não tinha inimigos, mas enfatizou que membros da diretoria da entidade estavam recebendo ameaças de mortes feitas por supostos policiais que fazem a segurança particular da refinaria.
"Ele era dos mais atuantes na comunidade e não tinha inimigos a não ser da Hydro Alunorte. Policiais que fazem segurança privada para a refinaria foram os mesmos que invadiram a sede da associação", destacou o advogado.
O Ministério Público Estadual já havia pedido proteção à vítima e outros líderes da associação que sofreram ameaças de mortes, mas a solicitação foi negada pela Segup (Secretaria de Segurança Pública).
Em janeiro deste ano, o promotor de Justiça Militar, Armando Brasil, protocolou o pedido de reforço na segurança das lideranças depois que a sede da associação foi invadida por dois seguranças armados se dizendo policiais, mas teve o pedido negado.
O promotor de Justiça não quis atrelar o assassinato de Nascimento às investigações que ocorrem sobre a refinaria.
Em nota, o MP destaca que caso as investigações apontem o envolvimento de militares no crime, eles serão denunciados e sujeitos às sanções na Justiça Militar.
A Hydro Alunorte afirmou que "condena firmemente qualquer ação dessa natureza e repudia qualquer tipo de associação entre suas atividades e ações contra moradores e comunidades de Barcarena". A indústria destacou ainda que a empresa "reforça que sua relação com a comunidade é pautada (...) pelo respeito à legislação de proteção aos direitos do cidadão e do meio ambiente."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.