MST ocupa fábrica da Nestlé em MG e diz que governo negocia água brasileira
Aproximadamente, 600 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem terra (MST) ocuparam uma fábrica de água mineral da Nestlé em São Lourenço, Minas Gerais, nesta terça-feira em protesto contra a privatização da água, o que, segundo o grupo, é negociado no 8º Fórum Mundial da Água que acontece em Brasília.
De acordo com o comunicado divulgado pelo MST, o objetivo da ação é fazer um alerta sobre as "negociatas que ocorrem neste momento no Fórum Mundial das Águas, em Brasília". O grupo entrou no local às 6h. Conforme o texto, elas denunciam a "entrega das águas às corporações internacionais, conduzida a passos largos pelo governo golpista de Michel Temer".
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Em declarações à Agência Efe, Maria Gomes de Oliveira, da direção de MST, disse que o Fórum "promove mesas de negociações com presidentes de corporações, como Nestlé e Coca-Cola", que se disfarçam de "marketing sustentável" para enganar às pessoas.
"A Nestlé se estabeleceu aqui há décadas e por décadas faz a exploração predatória e inclusive irregular. A água é um bem comum da humanidade, defendê-la é questão de soberania", disse ela.
Maria afirmou ser "muita petulância fazer um fórum internacional para comercializar nossas reservas de água".
De acordo com o comunicado do movimento, em janeiro de 2018 Temer e o presidente de Nestlé, Paul Bulcke, se reuniram para discutir a exploração do Aquífero Guarani, uma reserva que abrange quatro países (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
"A empresa, que controla 10,5% do mercado mundial de água, está instalada na cidade mineira desde 1994, quando comprou as fontes e o Parque das Águas de São Lourenço. Desde 1997, a população local denuncia a exploração das águas minerais que, antes de serem privatizadas, eram amplamente utilizadas para tratamentos medicinais. Além da redução da vazão, nota-se a mudança no sabor da água, ou seja, a exploração está fazendo com que ela perca seus sais minerais", informou o grupo no texto.
Nestlé diz que faz "administração sustentável" da água
A Nestlé diz em nota divulgada à imprensa que faz uma administração sustentável da água e nega planos de explorar o aquífero Guarani.
Veja a íntegra da nota:
"Nestlé Waters informa que a unidade da empresa em São Lourenço (MG) foi ocupada na manhã do dia 20/03 por manifestantes e que parte de suas instalações foi atingida durante o ato. Não houve feridos. A companhia reitera que respeita a liberdade de expressão e opinião, mas lamenta que a manifestação tenha gerado danos nas instalações, local de trabalho de mais de 80 colaboradores.
A Nestlé informa, ainda, que está totalmente comprometida com a administração sustentável dos recursos hídricos e o direito humano à água. Em todos os locais onde extrai água, realiza estudos de recursos hídricos e monitora frequentemente as retiradas para garantir que não afetem as bacias hidrográficas locais e os aquíferos.
A companhia não extrai água de qualquer parte do Aquífero Guarani na América do Sul, inclusive no Brasil. Não temos planos para extração no aquífero e nem discutimos esse assunto com as autoridades brasileiras. As informações que dizem o contrário são incorretas."
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