Brasil reduz poluentes; 70% das emissões vêm do agronegócio, diz estudo
O Brasil reduziu em 2,3% a emissão de gases do efeito estufa no último ano, apontam dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima, divulgados nesta quarta-feira (21). Em 2017, foram 2,071 bilhões desse tipo de gás na atmosfera lançados pelo Brasil - valor abaixo dos 2,119 apontados no ano anterior.
A pesquisa aponta que essa queda deve-se, principalmente, à redução do desmatamento na Amazônia, que recuou 12% no ano passado. As emissões brutas por perda de floresta na Amazônia caíram de 601 milhões de toneladas de gás carbônico no ano retrasado para 529 milhões em 2017. Os números refletiram nas emissões por "mudança de uso da terra" - termo técnico relacionado ao desmatamento - que recuaram 5,5%.
Apesar dos recuos, a redução da emissão de gases do efeito estufa poderia ter sido maior, não fosse o aumento de quase 11% no desmatamento no Cerrado neste mesmo período. A atividade refletiu em aumentos das emissões de gases-estufa no bioma, que subiram de 144 milhões para 159 milhões de toneladas de gás carbônico.
“Desde 2010 as emissões estão patinando no mesmo nível, por um misto da conjuntura econômica e da gangorra do desmatamento”, disse Tasso Azevedo, coordenador técnico do Seeg, em nota. “Apesar da redução do desmatamento na Amazônia, houve aumento no Cerrado e depois de dois anos de queda as emissões dos outros setores voltaram a crescer. As emissões brutas per capita do Brasil ainda são maiores do que a média mundial".
Segundo o Seeg, a redução do desmatamento na Amazônia e a consequente diminuição nas emissões de gás carbônico estão diretamente relacionadas a maior fiscalização por parte do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Setor agropecuário é o que mais polui
A atividade agropecuária, segundo o Seeg, é a que mais contribui pelas emissões de gases do efeito estufa no Brasil. O setor reponde por 71% de todo o gás carbônico emitido no país, levando em consideração questões diretas, como o metano produzido pelos rebanhos bovinos, e indiretas, como o desmatamento.
O estudo aponta ainda que, se o agronegócio brasileiro representasse um país independente, essa nação seria a oitava mais poluidora do mundo, à frente de países como o Japão. No último ano analisado pelo estudo, entretanto, o setor reduziu a emissão de gases do efeito estufa. No rebanho bovino, a redução foi de 1,5% em relação a 2016, contrastando com o aumento de 4% nos abates e de 7% na exportação de carne.
Além do agronegócio, o setor de energia também foi responsável por parte considerável da poluição acumulada em 2017. Só o transporte foi responsável por cerca de 10% de toda a emissão de gases do país. As emissões relacionadas a geração de eletricidade também aumentaram em função da menor efetividade das usinas hidrelétricas, o que aumenta a utilização de termoelétricas.
Maior poluente
Apesar do avanço, o Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking dos países mais poluidores do mundo, segundo o Climate Data Explorer do World Resources Institute:
- China
- Estados Unidos
- União Europeia
- Índia
- Rússia
- Japão
- Brasil
Cálculo por município de SP
O estudo do Seeg avaliou, pela primeira vez, as emissões de gases nos municípios do Estado de São Paulo. O mesmo cálculo foi utilizado nas 646 cidades, levando em conta o período de 2007 a 2015. A pesquisa constatou que a cidade de Alumínio, na região metropolitana de Sorocaba, tem médias de emissão per capita dez vezes maiores que a média mundial. Cada cidadão aluminense emite 71 toneladas de gás carbônico todo ano.
Em contrapartida, os municípios de Francisco Morato e Rio Grande da Serra são os que menos emitem: 700 quilos de CO² por ano. A cidade de São Paulo é, por muito, a que mais polui no Estado com uma emissão de 20 milhões de toneladas gás carbônico, maior até que alguns estados do país, como Piauí e Paraíba.
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