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Ministro diz que números do desmatamento 'não revelam toda a verdade'

O advogado Ricardo Salles, futuro ministro do Meio Ambiente - Pedro Calado/Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo
O advogado Ricardo Salles, futuro ministro do Meio Ambiente Imagem: Pedro Calado/Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo

Do UOL, em São Paulo

10/12/2018 23h31

Ricardo de Aquino Salles, futuro ministro do Meio Ambiente, indicado no domingo (9) pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), disse em entrevista à Globonews nesta segunda-feira (10) que os números divulgados pelo governo federal sobre o desmatamento "não revelam toda a verdade". "É preciso ver em que área foi feita e se não corresponde aos 20% que o proprietário tem por lei para desmatar em uma área privada", respondeu.

Ex-secretário estadual do Meio Ambiente de São Paulo, ele já havia dito algo similar em entrevista ao Estado de S.Paulo, em que chamou de "genéricas" as informações sobre o desmatamento. "Acho que todas as ONGs, ambientalistas e organismos de conservação podem ficar absolutamente tranquilos porque vamos atuar da maneira mais legalista possível. Temos o Código Florestal, que precisa ser cumprido. Vamos levantar informações mais específicas de onde e por que esse eventual desmatamento ocorreu para ter uma fotografia mais adequada do que está acontecendo. As informações são muito genéricas", afirmou ao jornal.

Ele diz que também vai criar uma espécie de "embaixada" em cada parte do governo federal para "atuar em harmonia" com outras áreas, como o Ministério da Agricultura.

Salles disse que não negava o aquecimento global, mas afirmou que é uma "discussão acadêmica" sobre a proporção da ação humana e da natureza nessa questão e que não podia travar as políticas governamentais. "Não estou negando a importância da discussão, mas acho que há outras prioridades para o governo atuar e que podem inclusive ajudar na redução do problema."

Falando ainda sobre as metas escolhidas pelo Brasil sobre desmatamento, ele defendeu um incentivo ao dono das terras. "Quando você restringe um uso de propriedade privada e não dá nenhuma compensação por isso, não vejo como uma política de sucesso. Sem haver uma compensação financeira, impor isso goela abaixo, não acho válido", disse.

Nas eleições de outubro passado, Salles foi candidato a deputado federal por São Paulo pelo Novo. Recebeu 36.603 votos (0,17% dos votos válidos), mas não foi eleito.

Ele também é réu em uma ação civil pública ambiental e de improbidade administrativa, movida pelo Ministério Público de São Paulo em maio do ano passado, que diz respeito à elaboração do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê, em 2016.