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Desmatamento no Cerrado cai, mas ainda equivale a 4 cidades de SP, diz MMA

Porção do cerrado com indícios de desmatamento em Palmeirante, Tocantins - Ueslei Marcelino/Reuters
Porção do cerrado com indícios de desmatamento em Palmeirante, Tocantins Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, em São Paulo

11/12/2018 10h51

Entre agosto de 2017 e julho de 2018, 6.657 quilômetros quadrados do Cerrado foram desmatados, informou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) nesta terça-feira (11). A superfície equivale aproximadamente quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo e, apesar da dimensão, é o menor registro de desmatamento nesse bioma desde 2001, informa a pasta.

Segundo comunicado divulgado hoje, o desmatamento no Cerrado recuou 11% em relação ao ano anterior e é 33% menor do que o registrado em 2010, quando foi iniciado o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado).

A mensuração foi realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e utilizou imagens de satélite para identificar áreas suprimidas maiores do que um hectare. Foi considerado como desmatamento a remoção completa da vegetação nativa.

O Maranhão é o Estado que concentra maior desmatamento do Cerrado, com 1.472 quilômetros quadrados de matas retiradas. O cerrado se estende por 11 estados, em área de cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados -- o equivalente a 23% do território nacional. 

Para a a ONG WWF-Brasil, o resultado é positivo, mas o levantamento não traz detalhes sobre desmatamento legal e ilegal. Para a ONG, a missão agora é garantir a continuidade do monitoramento. 

"Os dados anuais são fundamentais para não só mensurar a taxa de perda de vegetação, mas também para entender a dinâmica do desmatamento e propiciar ações mais assertivas no seu controle. Dar visibilidade e transparência a estes dados permite que outros atores também atuem, como o setor do agronegócio", afirma Mauricio Voivodic, diretor-executivo da ONG.

Segundo a WWF, o problema do desmatamento tem relação com a legislação frágil. O Código Florestal permite desmatar entre 65% e 80% da vegetação nativa do cerrado em área privada, dependendo do Estado. Isso fragiliza mais a proteção do bioma.

"Nós temos elementos de sobra para reforçar a importância e a urgência de proteger o cerrado. Mesmo que o Código Florestal deixe o bioma em segundo plano, nem mesmo ele é cumprido, a exemplo do observado no Mato Grosso, onde 98% do desmatamento do cerrado, entre 2016 e 2017, foi ilegal. É preciso coibir os ilícitos e virar esse jogo, o que só será possível por meio de uma combinação de esforços que inclua os Ministérios Públicos Federal e Estaduais, a sociedade civil, a iniciativa privada e os governos", afirma Frederico Machado, especialista em políticas públicas do WWF-Brasil.