Governo diz não ter verba para Amazônia, mas resiste em aceitar ajuda do G7
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) já admitiu que falta dinheiro para combater as queimadas na região amazônica, que neste ano quadruplicaram em relação a 2018. Apesar dos contingenciamentos financeiros que estrangulam as finanças do governo, o presidente impôs condições para aceitar a ajuda financeira do G7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo.
Depois de a cúpula do governo afirmar que o Brasil recusaria os US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) oferecidos pelo G7, Bolsonaro surgiu hoje negando a recusa. Agora, ele condiciona o recebimento da verba à retirada de "insultos" do presidente francês, Emmanuel Macron, que na sexta (23) disse que Bolsonaro mentiu ao assumir compromisso em defesa do ambiente na cúpula do G20.
O UOL separou as 5 vezes em que o governo admitiu falta de verba para cuidar da Amazônia:
1 - Sem dinheiro, governo apela ao Exército
O presidente decidiu recorrer ao Exército para ajudar no combate às queimadas. Sem dinheiro, ele assinou na sexta-feira (23) uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para que soldados marchem em direção à Amazônia.
Questionado se pretende liberar recursos financeiros para o combate, o presidente foi sucinto: "O problema é ter recursos para isso".
2 - "Dá até vergonha de falar, está tudo contingenciado"
No sábado (24), Bolsonaro anunciou sem muito orgulho a destinação de R$ 39 milhões para conter os incêndios. "Dá até vergonha de falar, está tudo contingenciado", disse.
O presidente acabou questionado sobre o valor anunciado, já que ele havia mencionado um valor um pouco maior, de R$ 40 milhões. "É impossível ter tudo na minha cabeça, é impossível, tá? Ontem estava se falando em 38 milhões na reunião, não sei. Chega lá na hora, vai ver lá, não tem. É 28 milhões, 10, 5, 1 real?"
3 - Para ministro, estrutura federal é "insuficiente"
"A nossa estrutura por si só, sem o apoio dos estados, não é suficiente", afirmou Ricardo Salles (Meio Ambiente) em entrevista ao programa Roda Viva na noite de ontem. A culpa, diz, é da falta de auxílio dos governos estaduais na região Norte.
4 - "Esse dinheiro precisa vir logo" Ricardo Salles
Ontem, Salles afirmou em evento em São Paulo que, de fato, o governo precisa da ajuda internacional. "Esse dinheiro precisa vir logo. A implementação é mais difícil do que o anúncio", disse. Para o ministro, no entanto, "o país não abre mão, e não deverá mais abrir mão da sua prerrogativa sobre como as coisas serão executadas".
No mesmo dia, a ministra Tereza Cristina (Agricultura) foi mais longe. Ela sugeriu que o dinheiro oferecido pelo G7 não seja usado no reflorestamento das áreas atingidas pelas queimadas porque "a mata se refloresta sozinha". Ela prefere que a verba seja usada no "desenvolvimento econômico da região".
"Você tem que dar condições para que essas pessoas tenham seus negócios. Com miséria, você não preserva nada", afirmou.
5 - Bolsonaro admite ajuda do G7, mas exige desculpas
Depois do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e a assessoria do Planalto confirmarem a intenção do governo de rejeitar a ajuda do G7, Bolsonaro admitiu que precisa do dinheiro ao desautorizar seus subordinados. "Eu falei isso? Eu falei? Jair Bolsonaro falou?", questionou.
Para aceitar o dinheiro, no entanto, o presidente impôs uma condição:
Primeiramente, o senhor Macron deve retirar os insultos que fez à minha pessoa. Primeiro, me chamou de mentiroso. E depois, informações que eu tive, de que a nossa soberania está em aberto na Amazônia.
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.