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Projeto transforma petróleo encontrado no mar do Nordeste em carvão

Petróleo retirado das praias na Bahia é transformado em carvão - Divulgação/UFBA
Petróleo retirado das praias na Bahia é transformado em carvão Imagem: Divulgação/UFBA

Daniel Leite

Colaboração para o UOL, em Juiz de Fora (MG)

21/10/2019 12h18

Parte do petróleo retirado do mar no Nordeste está sendo transformado em carvão. A iniciativa feita pelo Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia coletou o produto presente em praias da Bahia (UFBA) para reutilizá-lo.

Ontem, a Marinha do Brasil divulgou que as operações para retirada das novas manchas de óleo na costa recolheram, entre sexta-feira (18) e domingo (20), 525 toneladas do material nos estados de Alagoas, Bahia e Pernambuco. A corporação informou que 2.250 km da costa nordestina foram atingidos pela mancha. Já o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) disse que 200 praias foram contaminadas.

No experimento feito na UFBA, bioaceleradores desenvolvidos pela instituição são usados na transformação. As substâncias aceleram a degradação da matéria orgânica e fazem o petróleo degradado virar carvão em 60 minutos.

"Usamos os bioaceleradores para degradar resíduos de alimentos crus e cozidos, e ainda coco verde para a produção de fertilizante orgânico. Em função da eficiência dos bioaceleradores para degradar a matéria orgânica dos resíduos de alimentos e coco, decidimos testar no petróleo, e deu certo", explica a professora Zênis Novais da Rocha, responsável pelo projeto.

Petróleo é transformado em carvão

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De acordo com ela, as máquinas disponíveis podem transformar 40 kg do óleo por dia. Os primeiros lotes do óleo retirado do mar chegaram na última quinta-feira, por meio de voluntários que atuaram na limpeza nas praias. A expectativa é de um maior volume nos próximos dias.

Petróleo vira carvão - Divulgação/UFBA - Divulgação/UFBA
Petróleo retirado de praias do Nordeste é usado em projeto da UFBA
Imagem: Divulgação/UFBA

A conversão em carvão é feita a partir da mistura dosada dele com acetona e pó de serragem (ou álcool comercial). Em seguida, tudo vai é colocado numa betoneira e são acrescentados os bioacelaradores e um produto sólido para auxiliar no aspecto final do produto degradado.

"Os componentes dos bioacelaradores atuam de modo efetivo e não agridem o solo, plantas nem o organismo animal", explica a professora. Porém, a docente ressalta que o produto é diferente do carvão convencional.

Estudos complementares deverão ser feitos para caracterizá-lo com maior precisão. Por esse motivo, a destinação ainda está sendo avaliada, podendo, dependendo do resultado das análises, ser direcionado para a construção civil, por exemplo, para produção de cimento.

O trabalho é feito dentro do Projeto Compostagem Francisco, que ganhou esse nome devido aos pedidos do papa para a humanidade cuidar do meio ambiente.