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'Não há desmatamento descontrolado na Amazônia', diz ex-ministro de Lula

Aldo Rebelo acredita numa interpretação errônea das estatísticas - Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo
Aldo Rebelo acredita numa interpretação errônea das estatísticas Imagem: Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

15/07/2020 13h04

O ex-ministro Aldo Rebelo (Solidariedade-SP) foi na contramão hoje dos críticos do governo federal sobre a política atual de preservação da Amazônia. Titular de ministérios importantes nos governos dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Rebelo negou que o desmatamento esteja fora de controle na região amazônica.

"Não há desmatamento descontrolado na Amazônia. Há dois tipos de desmatamentos na Amazônia", afirmou em entrevista à CNN Brasil o ex-ministro, que chefiou quatro pastas nos governos petistas, entre elas o Ministério da Defesa e a Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais.

"Há o desmatamento que é promovido por comunidades indígenas, pela sua agricultura tradicional, há o desmatamento autorizado pela lei, onde o agricultor pode usar até 20% da sua propriedade, e há o desmatamento criminoso, clandestino, ilegal", explicou Rebelo. "Isso precisa ser reprimido, o desmatamento ilegal precisa ser de fato contido".

O governo federal tem sido alvo de críticas no Brasil e internacionalmente por não conter o crescimento do desmatamento na Amazônia. Nesta semana, a coordenadora responsável por monitorar a região amazônica no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Lubia Vinhas, foi exonerada em meio às maiores taxas de desmatamento dos últimos cinco anos.

Para Rebelo, há uma interpretação errônea das estatísticas de desmatamento. "O que há é a manipulação das estatísticas, porque você interpreta e mostra do jeito que você quer. O Inpe não manipula, ele apura e divulga. Agora quando você vai fazer a leitura é que você precisa separar as coisas. O que é o incêndio e o que é a queimada, o que é aquilo que é criminoso", afirmou o ex-ministro.

Rebelo foi o relator do novo Código Florestal Brasileiro, aprovado em 2012. Defensor do uso de parte das terras amazônicas para a agricultura e a pecuária, o ex-ministro atribuiu o questionamento ao governo pela forma como a gestão federal conduz a questão, com "beligerância" e sem conseguir explicar as características da região, principalmente aos estrangeiros.

"Acho que o governo atual acerta por um lado ao repudiar qualquer tipo de limitação de soberania sobre a Amazônia", disse. "Mas ao mesmo tempo erra ao adotar uma retórica de beligerância e ao não explicar o que é a Amazônia. A Amazônia precisa ser explicada para o mundo, não há o que temer", argumentou Rebelo.