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Defesa: Satélite de monitoramento da Amazônia a ser adquirido vai complementar trabalho do Inpe

35% do desmatamento na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019 se deu em terras públicas não destinadas, categoria visada por grileiros - Reuters
35% do desmatamento na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019 se deu em terras públicas não destinadas, categoria visada por grileiros Imagem: Reuters

Ricardo Brito

Brasília

24/08/2020 20h29Atualizada em 24/08/2020 21h49

O Ministério da Defesa afirmou hoje que um satélite a ser adquirido pela pasta para realizar o monitoramento da Amazônia vai complementar os trabalhos feitos atualmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), que acompanha o desmatamento da floresta.

A manifestação do ministério, em nota, ocorre após reportagem do jornal O Globo relatar que a pasta empenhou pouco mais de 145 milhões de reais para a compra de um microssatélite que fará o monitoramento da devastação da floresta amazônica — o que já é feito atualmente pelo Inpe.

Segundo o ministério, a tecnologia vai permitir que, mesmo na época de fortes chuvas da Amazônia, que duram cerca de oito meses, o radar consiga um melhor monitoramento.

"O SipamSAR nasceu em complemento ao sistema Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no período de maior cobertura de nuvens, já que o Deter utiliza imagens de satélites óticos. Portanto, não haverá sobreposição de funções do Inpe, mas sim complementaridade", afirmou.

A pasta acrescentou que, embora planejado para monitorar a região amazônica, "o satélite terá a capacidade de ser empregado no monitoramento de outras regiões estratégicas do país", exemplificando o monitoramento da costa brasileira e que poderia ajudar em eventos como as manchas de óleo detectadas no litoral brasileiro, em 2019.

No comunicado, sem citar valores, a pasta informou ainda que o processo de aquisição do satélite vai cumprir todos os requisitos legais e ser viabilizado por meio de uma licitação internacional.

"O processo licitatório ainda está em andamento e poderá ser concluído até o final deste ano (2020), com previsão para entrar em operação até o final de 2021", disse.

Para o ministério, a possível aquisição contribui também, diretamente, para a soberania espacial, em sintonia com objetivos da pasta ao citar a ausência de um satélite com sensor radar operado pelo Brasil.

"Em suma, a possível aquisição do novo satélite representa, para o país, uma importantíssima ferramenta tecnológica, permitindo significativa ampliação da capacidade de proteger a Amazônia, além de contribuir diretamente para a soberania nacional, especialmente no campo espacial", concluiu.

Em entrevista nesta segunda-feira mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia e general que já serviu na região, defendeu a aquisição.

"Eu já comentei aqui com vocês que é o SAR, que ele consegue ver através da cobertura de nuvens que hoje nós não temos essa capacidade, apenas em 10% do nosso território que é o Deter intenso", disse Mourão a jornalistas.

De acordo com dados do Inpe, o desmatamento na floresta amazônica registrou queda de 26,7% em julho na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas subiu 34,5% no acumulado em 12 meses, se comparado com o mesmo período anterior.