Topo

Esse conteúdo é antigo

Brasil deve cortar 81% das emissões de gases estufa, propõe ONG

Fumaça tinge de cinza o céu de Apuí, no sul do Amazonas, região que registrou avanço de desmatamento nos últimos meses - Bruno Kelly/Reuters
Fumaça tinge de cinza o céu de Apuí, no sul do Amazonas, região que registrou avanço de desmatamento nos últimos meses Imagem: Bruno Kelly/Reuters

Do UOL, em São Paulo

07/12/2020 17h27

O Brasil deve reduzir em 81% as emissões de gases do efeito estufa até 2030 para cumprir o Acordo de Paris —que tenta limitar o aquecimento da Terra a menos de 2ºC ou a 1,5ºC. A proposta foi apresentada hoje pelo Observatório do Clima.

Segundo a organização, a meta atual do Brasil é insuficiente. "Se todos os países tivessem o mesmo grau de ambição do Brasil, o mundo esquentaria 3ºC neste século", pontuou o Observatório do Clima.

Com uma redução de emissões em 81%, o Brasil chegaria ao fim da próxima década emitindo no máximo 400 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

A meta climática inicial do Brasil era reduzir 37% das emissões líquidas até 2025, se comparado aos níveis de 2005. Considerando os mesmos indicadores, a meta indicativa para 2030 seria uma diminuição de 43%.

Todo país deve atualizar o seu compromisso climático a cada cinco anos. O prazo do Brasil vence no final de 2020, mas nenhuma proposta foi apresentada até agora.

Segundo o Observatório do Clima, a "ambição adicional" é necessária para tornar a meta compatível com o Acordo de Paris.

"Essa não é uma tarefa exclusiva para o Brasil, 6º maior emissor de gases de efeito estufa do planeta. Todos os grandes emissores precisam incrementar suas metas a fim de evitar impactos ainda mais graves que os atuais para pessoas, ecossistemas e a economia".

A proposta apresentada hoje pelo OC é a parcela justa de obrigação para o Brasil contribuir para um mundo com mais segurança climática.

Além da meta de redução de emissões, o Observatório do Clima também propõe que o Brasil adote uma série de políticas públicas, como a eliminação do desmatamento em todos os biomas até 2030 e a restauração de 14 milhões de hectares de reserva legal e áreas de preservação entre 2021 e 2030.

Para calcular a nova meta, o Observatório do Clima se baseou no relatório Emissions Gap Report, das Nações Unidas, que estima a diferença entre a soma das promessas de redução de emissões dos países no Acordo do Clima e o que é necessário fazer para atingir as metas de Paris.

"Fizemos uma proposta para o país, apontando o caminho do que é necessário e possível fazer pelo clima com justiça, equidade e sem sacrifício. Apesar de termos um governo negacionista, queremos afirmar que os brasileiros levam o Acordo de Paris a sério", disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

"Vários países já sinalizam que vão zerar suas emissões líquidas em 2050. O aumento de ambição das metas climáticas está se tornando uma precondição para competir no cenário global neste século e o Brasil, se continuar parado, corre o risco de jogar fora mais uma oportunidade histórica de se desenvolver e ao mesmo tempo dar segurança à sua população", comentou Tasso Azevedo, coordenador técnico do Observatório do Clima.