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ONGs pedem a Biden que EUA não negocie a 'portas fechadas' com Bolsonaro

A carta reforça que nenhuma tratativa deve ser considerada pelos EUA antes da redução do desmatamento no Brasil - Divulgação/Expedição Jari-Paru 2019
A carta reforça que nenhuma tratativa deve ser considerada pelos EUA antes da redução do desmatamento no Brasil Imagem: Divulgação/Expedição Jari-Paru 2019

Do UOL, em São Paulo

06/04/2021 12h44Atualizada em 06/04/2021 12h49

Uma carta foi enviada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinada por cerca de 200 organizações não governamentais pedindo transparência nas negociações ambientais dos EUA com o Brasil.

As ONGs apontam o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como inimigo da preservação da Amazônia e querem que o líder norte-americano cumpra as promessas feitas em seu discurso de posse, que envolveram, o combate ao racismo estrutural, a mudança climática e o papel dos EUA no mundo.

"Não é razoável esperar que as soluções para a Amazônia e seus povos venham de negociações feitas a portas fechadas com seu pior inimigo", diz um trecho da carta.

O documento também fala que a agenda ambiental do governo Bolsonaro ocorre longe "dos olhos da sociedade civil", e cita mentiras de Donald Trump replicadas pelo presidente do Brasil.

"Bolsonaro está promovendo a destruição da floresta amazônica e outros biomas, aumentando as emissões do Brasil. Compromete o Acordo de Paris ao retroceder na ambição da meta climática brasileira. Negacionista da pandemia, transformou seu país num berçário de variantes do coronavírus, condenando à morte parte da própria população", dizem as ONGs.

A carta reforça que nenhuma tratativa deve ser considerada pelos EUA antes da redução do desmatamento aos níveis exigidos pela legislação brasileira de clima e o fim da "agenda de retrocessos encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional".

"Negociações que não respeitem tais pré-requisitos representam um endosso à tragédia humanitária e ao retrocesso ambiental e civilizatório imposto por Bolsonaro. A eleição de Joe Biden representou a vontade dos Estados Unidos de estar do lado certo da história. Fazer a coisa certa pelos brasileiros seria uma grande demonstração disso", finaliza o documento.

Desmatamento recorde da Amazônia

O desmatamento da Amazônia cresceu 30% em 2020 e bateu recorde dos últimos dez anos. Os dados foram levantados pelo Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia).

A instituição brasileira de pesquisa mostra que entre janeiro e dezembro do ano passado, a floresta perdeu 8.058 km² de área verde. O número é o maior dos últimos dez anos.

Houve ainda um aumento de 30% em comparação com 2019, quando foram derrubados 6.200 km².

No ranking dos estados que mais desmataram a Amazônia no ano passado, o Pará aparece em primeiro lugar, com 42% de todo o desmatamento registrado em doze meses.

Em seguida vem Amazonas (17,2%), Mato Grosso (13,4%), Rondônia (12,9%), Acre (8.5%), Maranhão (2,9%), Roraima (2,5%) e, por último, Amapá (0,3%) e Tocantins (0,3%).