Chefe da PF no AM diz que cumpriu dever e que Salles "defende infrator"
O superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Alexandre Saraiva, que redigiu notícia-crime encaminhada pela Polícia Federal ao STF contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse hoje que "não é todo dia" que um ministro promove "a defesa de infratores ambientais". Salles é suspeito de obstrução de investigação que apurou a extração de madeira ilegal na Amazônia.
Na peça entregue ao STF, Saraiva acusa Salles de interferir no Ibama com objetivo de atuar em favor de investigados da Operação Handroanthus GLO, no final do ano passado, e terminou em uma apreensão histórica de madeira ilegal.
Segundo o superintendente, na semana passada, o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bom, requereu à Polícia Federal documentos com informações da operação, poucos dias depois de Salles criticar as apreensões. Para Saraiva, o pedido teria sido uma forma do ministro obter dados sobre o esquema.
"A forma como nós trabalhamos com o Ibama sempre foi de parceria. Nunca, por exemplo, o Ibama se posicionou no sentido de solicitar laudos periciais para fazer uma análise", disse o superintendente hoje em entrevista à GloboNews, acrescentando que "é da natureza das organizações criminosas" se infiltrarem no Estado.
"Não estou dizendo que isso aconteceu, mas temos que ficar o tempo todo atentos a isso.", disse.
Saraiva afirmou também que instaurar um inquérito é "obrigação da lei" quando uma possível prática ilícita é percebida e chamou a situação de "bizarra".
"Nós recebemos aquele material que foi apresentado a pedido do ministro daquelas pessoas que estão extraindo madeira na área, nos deparamos com uma situação absolutamente bizarra", ele afirmou. "Diante desses fatos, que se comprovaram com as evidências, aí nos encaminhamos ao STF", acrescentou.
A notícia-crime
A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal um relatório em que acusa o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de obstruir uma investigação que havia levado a uma apreensão recorde de madeira ilegal na região amazônica, de favorecer madeireiros e de integrar uma organização criminosa envolvida num esquema de receptação e crimes ambientais.
O documento foi encaminhado ao STF para avaliar se abre uma investigação criminal contra Salles. O ministro tem foro privilegiado e só pode responder por crimes de natureza penal perante o Supremo.
O relatório cita que Salles chega a respaldar documentos supostamente fraudados de aquisição de madeira. Segundo o documento, "resta patente" que Salles e outro acusado "de forma consciente e voluntária, e em unidade de desígnios", dificulta "a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais, assim como patrocinam, direta, interesses privados (de madeireiros) e ilegítimos perante a administração pública, valendo-se de suas qualidades de funcionários públicos".
A área ambiental do governo Jair Bolsonaro —no qual o país tem tido recordes de desmatamento— tem sido alvo de críticas internacionais.
* Com informações do Estadão Conteúdo e da Reuters
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