Ailton Krenak ataca Salles e defende investigação: medíocre e subserviente
Ailton Krenak, ambientalista, escritor e líder indígena, chamou ontem o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de medíocre. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ele se referiu a Salles como subserviente e afirmou que o ministro ocupa o cargo com o objetivo de "executar um plano danoso".
"Esse sujeito é medíocre, ele é subserviente, está ali para executar um plano, um plano danoso para a soberania ambiental do Brasil", afirmou. "Ele participa de uma conspiração para transformar o Brasil em um país que liquidou sua biodiversidade", completou.
Krenak ainda defendeu que o ministro seja investigado por sua atuação à frente da pasta: "A gente precisa investigar o Salles. Ele deve estar a serviço de uma bandidagem muito poderosa", acusou.
O ambientalista lembrou que o Brasil vem perdendo prestígio internacional em fóruns sobre meio ambiente e argumentou que parte do motivo para isso seria a atuação do ministro Salles, que, segundo ele, agiria em função de interesses de empresas.
"Na entrada do século 21 nós éramos presença obrigatória nas conferências do clima e o Brasil sempre foi considerado uma referência no ambientalismo no mundo", lembrou. "Se você bota um ministro do Meio Ambiente para detonar com tudo que esse país conseguiu conquistar no campo da gestão ambiental, transformar a gente numa sucata, é um grande serviço que esse sujeito está prestando", completou.
'Brasil foi assaltado pela monocultura'
Ailton Krenak também comentou na entrevista ao Roda Viva sobre o impacto do agronegócio no Brasil, tanto em relação à vida de povos indígenas quanto à preservação do meio ambiente. Para ele, as monoculturas são uma maneira de assalto dos territórios.
"O Brasil foi apropriado de uma maneira abusada por uma classe que decidiu assaltar os territórios de uso comum e transformar em monocultura, em privilégio de controlar um certo mercado, que poderia ser qualquer outro produto, mas no caso é grãos, soja e boi", disse.
Segundo ele, o problema não está limitado aos produtos que foram escolhidos para explorar as terras: "Poderia ter inventado que íamos plantar qualquer outra coisa, não ia achar isso menos pior do que o agro, que diz que é pop".
Krenak afirmou ainda que a monocultura é uma forma violenta de uso da terra: "Essa piração da economia subordinada a um interesse comum, a uma monocultura de qualquer coisa, ela é de uma violência e revela uma falta de sentido da vida e dissociada disso que chama de planejamento, não tem planejamento, é tudo oportunismo".
O papel da Funai
O ambientalista comentou ainda assuntos como as prioridades estabelecidas por governos capitalistas e o papel da Funai (Fundação Nacional do Índio). Neste último tópico, Krenak defendeu a criação de um órgão subordinado ao Ministério das Relações Exteriores para que a questão dos povos indígenas fosse abordada de maneira internacional.
"Se a gente tivesse desenvolvido uma capacidade crítica interna, quem sabe o Itamaraty criasse um programa com embaixadores falando várias línguas para tratar com os povos originários? Aí a gente estaria evoluindo", defendeu.
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