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Cantareira atinge menor volume dos últimos 5 anos com 29% de capacidade

28.set.2021 - Imagem aérea mostra represa Jaguari, segunda maior do Sistema Cantareira, que opera com nível abaixo do normal - Luís Moura/WPP/Estadão Conteúdo
28.set.2021 - Imagem aérea mostra represa Jaguari, segunda maior do Sistema Cantareira, que opera com nível abaixo do normal Imagem: Luís Moura/WPP/Estadão Conteúdo

Letícia Mutchnik

Do UOL, em São Paulo

09/10/2021 04h00

O nível do Sistema Cantareira atingiu hoje 29% de sua capacidade, o menor volume já registrado nos últimos cinco anos, de acordo com o boletim diário da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O manancial abastece 7,2 milhões de habitantes da Grande São Paulo.

A marca já havia ficado abaixo dos 30% no dia 2 de outubro, ao chegar a 29,9%. No último dia 1, o sistema atuava com 30,1%.

Escala

A escala da Sabesp para medir o volume útil dos reservatórios e classificar a gravidade da situação aponta como normal um nível igual ou maior que 60%. O estado é considerado de atenção quando o nível fica entre 40% e 60%, de alerta quando está entre 30% e 40% e de restrição entre 20% e 30%.

Apesar do nível atual entre 20% e 30%, que corresponde à fase de restrição, o manancial ainda está em estado de alerta - no qual o Cantareira opera desde 6 de setembro, ao chegar a menos de 35% de sua capacidade.

Isso acontece porque represa atingiu a marca abaixo dos 30% no mês de outubro. Segundo as regras da Agência Nacional de Águas (ANA), só será considerada a fase de restrição se o mês acabar abaixo de 30% da capacidade total.

Risco de racionamento

O que pode acontecer após a mudança de faixa, segundo o Professor de Hidrologia na Unesp, Jefferson Nascimento de Oliveira, depende do do governo.

"Isso depende muito do que ele [Governo] quer que aconteça. Podem ser tomadas medidas de incentivo à economia, podem ser tomadas medidas de restrição e diminuição da pressão da água em alguns pontos da cidade de São Paulo, como já tem acontecido em determinados bairros", diz Oliveira.

O especialista não risca das opções o racionamento de água, que já está acontecendo em cidades do interior paulista, como São José do Rio Preto e Franca.

Atualmente a Sabesp já tem retirado 23 m³/s de água do manancial, que é a quantidade de água autorizada na faixa de restrição.

A previsão do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) é que a marca de 30% da capacidade só fosse alcançada no fim do ano, mas o período seco foi maior do que o esperado.

Outros mananciais

Os demais mananciais que abastecem a região metropolitana de São Paulo também estão com o volume armazenado abaixo do que estava em 2013, quando o estado enfrentou uma crise hídrica.

Para o professor de Hidrologia, o novo período de chuvas que começa novamente em outubro é determinante para reverter a situação: "Se esse índice continuar abaixo da média, assim como nos últimos semestres, há um risco iminente de haver problemas efetivos"

O Cantareira continua sendo o maior distribuidor de água em São Paulo. Esses mananciais receberam um acréscimo de água com a adição do manancial São Lourenço, mas a população também cresceu. A demanda de água também aumentou. Temos que economizar.

Jefferson Nascimento de Oliveira, professor de Hidrologia na Unesp

Veja o nível de outros reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo, segundo a Sabesp:

  • Alto Tietê: 39,2% (-0,9% em relação à semana passada)
  • Guarapiranga: 45,3% (+0,4%)
  • Cotia: 48,2% (-1,2%)
  • Rio Grande: 76,6% (+1,2%)
  • Rio Claro: 36,4% (+-0%)
  • São Lourenço: 52,7% (+1,6%)