Nível do Cantareira ainda preocupa apesar das chuvas, diz especialista
Apesar das chuvas que atingiram a cidade de São Paulo nas últimas semanas, o nível do Sistema Cantareira segue abaixo de 29%. Na última sexta-feira (22), o volume registrado foi 28,1%, de acordo com a Sabesp, a companhia de saneamento básico do estado. Apesar da previsão de chuvas acima da média para o mês de outubro, a situação deve se complicar nos meses de verão, de acordo com Pedro Luiz Côrtes, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo,
Em outubro de 2021 já choveu 115,8 mm na capital paulista. A estimativa é fechar o mês com cerca de 160 mm, acima da média climatológica (1981-2010) de 126,6 mm, afirma Franco Nadal Villela, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Neste mês, pela primeira vez em 82 dias, houve um aumento no volume do reservatório, de 0,2 ponto percentual, entre os dias 18 (28,1%) e 19 (28,3%).
No Cantareira, até o dia 22, foram registrados 102,9 mm de chuva, 30 mm a mais do que choveu em outubro de 2020 (72,9 mm). "Realmente estava prevista uma volta das chuvas neste início de primavera, até em uma condição de normalidade. Entretanto essas chuvas começam a diminuir à medida que a gente vai se aproximando do verão", afirma Côrtes. O professor acrescenta que o verão de 2021 e 2022 terá chuvas abaixo da média.
O aumento do nível dos mananciais está longe de resolver a situação de escassez atual de São Paulo tem hoje, diz o especialista.
A situação do Sistema Cantareira é pior do que a verificada em 2013 e o nível atual é o mais baixo desde março de 2016, na saída da crise hídrica. "Nos últimos 5 anos, o Cantareira nunca esteve tão baixo", diz Côrtes.
As chuvas de verão, por mais que fiquem abaixo da média histórica, segundo o cientista ambiental, ajudarão para uma certa recuperação dos reservatórios. "Mas o importante é que essas chuvas não conseguirão repor o nível dos mananciais na medida em que a gente precisava."
Paraíba do Sul
Além da falta de chuvas, há também a redução da transição de águas da bacia do Paraíba do Sul para o sistema Cantareira. "Isso ajuda a reduzir o volume, porque na prática ele está contando com menos água do que ele contava anteriormente, apesar das chuvas", garante Côrtes.
O volume máximo previsto para uso ao longo do ano foi atingido já em setembro. A transposição parou, e o volume começou a baixar mais rapidamente. Recentemente a companhia de saneamento obteve uma autorização parcial por parte da ANA para voltar a captar água da bacia do Paraíba do Sul, mas não no volume praticado anteriormente.
"Então a nossa situação é muito ruim, principalmente pelo fato de que outros reservatórios estão sendo afetados, não é só o Cantareira - é o Alto Tietê, o Guarapiranga... Todos eles estão com o nível mais baixo do que estava em 2013 na mesma época", afirma o professor.
Veja o nível dos reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo, segundo a Sabesp:
- Alto Tietê: 39,1% (+0,8% em relação à semana passada)
- Guarapiranga: 49% (+3%)
- Cotia: 47,6% (+0,6%)
- Rio Grande: 82,5% (+4,5%)
- Rio Claro: 40,9% (+5%)
- São Lourenço: 61,2% (7,5%)
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