MPF investiga festa irregular em piscina natural de praia protegida em AL
O MPF-AL (Ministério Público Federal em Alagoas) abriu hoje uma investigação para apurar quem foi o responsável por uma festa irregular realizada ontem na piscina natural da praia de Marceneiro, em Passo de Camaragibe, litoral norte de Alagoas.
O local faz parte da APA (Área de Proteção Ambiental) Costa dos Corais, no litoral norte do estado, onde não há autorização para esse tipo de evento. A APA fica em um local turístico chamado Rota Ecológica e é a maior área de proteção ambiental costeira do país.
A denúncia foi feita pelo Instituto Bioma do Brasil, que divulgou em suas redes sociais um vídeo da festa com dezenas de pessoas dentro da água.
"Sem nenhum controle e desrespeitando o plano de manejo, recentemente aprovado, turistas realizam festa sobre as piscinas naturais da maior área costeiro-marinha protegida do Brasil, gerida pelo ICMBio. Esta mesma área abriga a população de peixes-boi nativos e reintroduzidos, além de espécies de corais e peixes ameaçados de extinção", diz a nota da entidade.
Além do vídeo principal, a reportagem do UOL teve acesso a outros três vídeos que mostram dezenas de pessoas bebendo em um barco.
O MPF-AL informou que já oficiou o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e as prefeituras dos municípios que abrangem a APA Costa dos Corais, para ter mais detalhes sobre o evento.
"No decorrer das investigações, o MPF adotará as medidas necessárias e, em breve, expedirá recomendações no intuito de evitar quaisquer danos à unidade de conservação", diz o órgão, em nota.
Revolta
A realização da festa deixou o ambientalista Bruno Stephanie, conselheiro da APA e presidente do Instituto Biota, indignado. Ele afirma que um evento desse porte causa imensos danos aos corais.
"Foi uma festa náutica com centenas de pessoas dentro d'água, quebrando várias regras do plano de manejo que rege o uso desse território. Há vários atores envolvidos, desde os organizadores e barqueiros, causando danos àquele ambiente. Isso nos preocupa", declarou.
A gente exige que tanto a prefeitura, como órgãos ambientais, tomem providências para que os organizadores respondam por esse ato.
Bruno Stephanie, conselheiro da APA e presidente do Instituto Biota
Em nota, a prefeitura do Passo de Camaragibe repudiou a realização do evento e informou que "em nenhum momento foi comunicada ou concedeu autorização para sua realização".
"A Prefeitura também informa que o citado evento não foi organizado por qualquer empreendimento privado instalado no Passo de Camaragibe ou por qualquer órgão público municipal, mesmo porque todos os festejos públicos referentes ao Réveillon 2021/2022 foram devidamente cancelados por decreto ainda no início do mês de dezembro", diz o texto.
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