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Peixes-dourados crescem rapidamente em lagos e ameaçam ecossistema

Dois peixes-dourados grandes capturados em uma lagoa de águas pluviais nos arredores de Toronto.  - Divulgação/Fisheries and Oceans Canada
Dois peixes-dourados grandes capturados em uma lagoa de águas pluviais nos arredores de Toronto. Imagem: Divulgação/Fisheries and Oceans Canada

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/03/2022 13h03

Apreciados por muitas crianças, os Kinguios, popularmente conhecidos como peixes-dourados, parecem inofensivos à primeira vista, mas estão causando problemas em diversos locais. Quando soltos na natureza, se proliferam rapidamente e alguns aumentam de tamanho descontroladamente, um fenômeno que, para os cientistas, é uma ameaça ao ecossistema.

Os peixes-dourados são originários de países como China e Japão e medem entre 5 e 10 cm quando criados em aquário. Eles também são capazes de se adaptar a diferentes habitats e, consequentemente, garantir sua sobrevivência. No entanto, em muitos países, eles são soltos na natureza com frequência e podem chegar a pelo menos 30 cm de comprimento.

De acordo com uma publicação da revista Scientific American, cientistas encontraram cerca de 20 mil peixes-dourados vivendo em um lago de médio porte no interior do Canadá. Alguns deles pesando até 3 kg, uma característica anormal para a espécie.

A anomalia detectada pode estar associada a presença destes animais em lagos artificiais com elevados índices de contaminação. Nestes ambientes, a habilidade de adaptação da espécie Kinguio pode ser potencializada, deixando os peixes extra-tolerantes.

Perigo ambiental

Para os pesquisadores, os peixes-dourados são soltos em lagos artificiais com o propósito de se multiplicarem. No entanto, essa prática também configura um grande risco às condições da fauna e flora local.

Os peixes-dourados são conhecidos no mundo da biologia como consumidores indisciplinados. Durante a alimentação, eles sugam uma grande quantidade de sedimentos oriundos do fundo de rios e lagos e depois os cospem de volta para a água. Essa prática traz impactos negativos ao local, pois deixa a água mais turva, que, por efeito, compromete a vida das plantas aquáticas e outros seres vivos de água doce, já que menos luz será filtrada.

Por meio desse comportamento destrutivo, os peixinhos dourados modificam seu habitat, tornando-o pior para outras espécies que capturam presas à vista ou dependem da luz solar.

De acordo com pesquisadores da Universidade de Toronto e da organização Fisheries and Oceans Canada, os peixes-dourados aparentemente também contam com maior resistência a temperaturas elevadas, que são bastante comuns nessas lagoas. Mas a presença de uma grande quantidade deles pode deixar essas águas pobres em oxigênio e com temperaturas mais altas devido à sua profundidade rasa.

Mesmo que os peixes-dourados possam se adaptar às novas condições térmicas e resistir até cinco meses a um ambiente sem oxigênio, a maioria das outras espécies é incapaz de sobreviver em um cenário tão adverso como esse.

Os cientistas também temem que esta última habilidade dê ao peixe-dourado uma vantagem competitiva sobre as espécies nativas, pois o aquecimento global acelera a redução dos níveis de oxigênio em lagos e rios.

Soluções

Após identificarem o problema e suas prováveis causas, esses especialistas agora procuram por soluções para controlar o avanço da espécie Kinguio. Entre as ideias mais viáveis, estão a construção de placas de aviso nos lagos para que as pessoas jamais soltem os peixes-dourados nessas águas, assim como outros informativos sobre os possíveis danos ambientais dessa negligência.

Por outro lado, eles também avaliam a possibilidade de instalar barreiras entre lagoas e cursos d'água adjacentes com espécies de peixes nativas que sejam predadoras de peixes-dourados.