Banco Mundial alerta para perdas de R$ 920 bi caso Amazônia vire 'savana'
Um relatório do Banco Mundial apontou que o Brasil pode ter um impacto de até R$ 920,5 bilhões caso o desmatamento na Amazônia chegue a um ponto de inflexão —ou seja, a floresta naturalmente passe a sofrer um processo de savanização após atingir certo nível de degradação.
O que diz o relatório?
Os impactos econômicos foram calculados em US$ 184,1 bilhões (R$ 920,5 bilhões), ou 9,7% do PIB de 2022 até 2050. Os dados são do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Os danos irreversíveis eliminariam as chuvas da região e, dessa forma, atingiriam em massa diversos ecossistemas. "Atingir um ponto de inflexão no bioma da Amazônia significaria danos irreversíveis à estrutura do bioma e a seus serviços ecossistêmicos."
Dano na geração de energia elétrica seria certo. "A redução prevista nos níveis de precipitação e mudanças nos padrões de chuvas sazonais também tem o potencial de criar riscos para o fornecimento de eletricidade no Brasil, em que a energia hidrelétrica predomina, podendo resultar em crises periódicas de energia."
Banco Mundial não vê modelo de crescimento brasileiro como adequado
O relatório destaca o potencial do Brasil, mas aponta atrasos relacionados ao uso da terra. Entre 2000 e 2020, a origem de 76% das emissões do país era a mudança no uso do solo, incluindo desmatamento e agricultura, em comparação com 18% para as emissões globais.
Incentivos agrícolas atuais não combatem a grilagem e o desmatamento, afirmam os autores. "Subsídios, políticas de crédito rural e a estrutura do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) são incentivos adicionais para desmatar terras para a agricultura", diz um trecho do estudo. Dos R$ 244 bilhões do orçamento do Plano Safra em 2022, apenas R$ 5 bilhões foram destinados ao programa de diminuição da emissão de carbono na atmosfera —que tem como principal expoente o desmatamento.
Oportunidades com a economia verde
Por outro lado, a prevalência de energia renovável coloca o país em vantagem competitiva. "O Brasil está em uma posição excepcional para se beneficiar das ações climáticas, devido às suas várias vantagens competitivas — especialmente o fornecimento de energia de baixo carbono, com grande potencial adicional de energia renovável. Suas emissões são dominadas pela mudança do uso do solo e da agricultura, e não pela energia, o que cria oportunidades específicas e custos diferentes em relação a outros países."
A adaptação da economia para um modelo mais sustentável poderia gerar impacto positivo de R$ 472,78 bilhões no PIB até 2050, calculou o Banco Mundial.
Secas, enchentes e inundações nas cidades já causam perdas de R$ 13 bilhões (0,1% do PIB de 2022) ao ano. A adaptação das cidades, que concentram grande parte do poderio econômico, também foi destacada no relatório.
O ponto de partida do relatório são os objetivos estabelecidos pelo próprio país no Acordo de Paris e nas edições das COPs, realizadas pela ONU.
Para atingir esses objetivos, o relatório recomenda ações em quatro frentes: reformas estruturais e medidas de aumento da produtividade, políticas econômicas abrangentes para o crescimento resiliente e de baixo carbono, políticas setoriais e pacotes de investimentos, além de ações para assegurar o financiamento dos investimentos necessários.
Com isso, acredita-se que o Brasil possa atingir um desenvolvimento verde e acabar com o desmatamento ilegal até 2028, além de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 50% até 2030, além de zerar as emissões líquidas até 2050.
*Com informações da Agência Brasil
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