Dente com ferro: como descoberta sobre dragões perigosos pode nos ajudar
Cientistas descobriram que os dragões-de-komodo, a maior espécie viva de lagarto, têm dentes com revestimento de ferro.
O que mostra a pesquisa
A pesquisa foi feita pelo King's College London, no Reino Unido, e o achado pode ajudar até em consultórios de dentistas. O estudo foi publicado nesta quarta-feira (24) na revista Nature Ecology & Evolution.
Muitos répteis têm alguma quantidade do metal no dente, mas, no caso dos dragões-de-komodo, a substância se concentra ao longo das bordas cortantes e pontas dos dentes, o que os tinge de laranja. Outros répteis, como crocodilos, têm tão pouco, que, com frequência, a presença do metal fica até invisível.
O ferro funciona como uma camada protetora. Isso mantém as bordas serrilhadas dos dentes afiadas e prontas para serem usadas a qualquer momento. Predadores mortais, esses animais comem qualquer tipo de carne, desde pequenos répteis e pássaros até cavalos. Para isso, contam com dentes curvados similares aos de dinossauros carnívoros.
Para um dos autores do estudo, Aaron LeBlanc, a pesquisa pode trazer mais informações sobre a formação dos dentes humanos. "Se quisermos entender por que nossos dentes têm essa aparência ou por que não podem ser substituídos, é importante voltar para trás e olhar para tipos diferentes de animais e tentar entender como os dentes mudaram nos últimos milhões de anos", explicou em um vídeo institucional da universidade.
No futuro isso pode ser usado para ajudar a desenvolver materiais mais resistentes e ácidos para mitigar o desgaste dentário.
Aaron LeBlanc
Para compreender a estrutura química dos dentes do dragão-de-komodo, os cientistas vasculharam museus em busca de crânios e dentes desses animais. Eles analisaram os dentes de Ganas, um dragão-de-komodo que viveu em um zoológico de Londres.
Relação com dinossauros
O objetivo dos pesquisadores era entender os hábitos alimentares dos dinossauros carnívoros e se utilizavam os dentes da mesma forma que os dragões-de-komodo. Entretanto, ainda não é possível observar os níveis de ferro desses animais já extintos. Os cientistas acreditam que as mudanças químicas que ocorrem durante a fossilização alteram a concentração da substância.
Mesmo assim, os pesquisadores conseguiram descobrir que grandes carnívoros, como o tiranossauro, mudaram a estrutura do esmalte. Isso significa que, enquanto os dragões-de-komodo tiveram alterações químicas nos dentes, alguns dinossauros mudaram a estrutura do esmalte para mantê-los afiados.
Como são os dragões-de-komodo
Hoje, os dragões-de-komodo estão em perigo de extinção. Seu habitat natural é limitado a algumas ilhas da Indonésia, onde vivem em florestas tropicais e perto da praia. As mudanças climáticas e a perda de habitat pelo desmatamento têm prejudicado a espécie. O maior dragão-de-komodo mede 3 metros de comprimento e pesa 166 kg.
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