Crocodilos ameaçados que fazem piscininha para filhotes eclodem na Ásia
Em 18 de julho, no Camboja, 60 ovos do crocodilo-siamês (Crocodylus siamensis) eclodiram no Parque Nacional de Cardamom, de acordo com comunicado da organização de conservação da natureza Fauna & Flora, que trabalha com o governo local para reprodução em cativeiro da espécie.
A saída das dezenas de focinhos verde e escamosos representa um número esperançoso, que aponta que os esforços para manter a espécie em habitat selvagem estão dando certo: é a primeira vez que ninhos com ovos nascem em áreas onde a organização não havia reintroduzido esse crocodilo.
O que aconteceu?
60 ovos do crocodilos-siameses eclodiram no Parque Nacional de Cardamom. Essa é a primeira vez que crocodilos da espécie nascem em uma área onde não havia sido feita a soltura de animais que passaram pelo programa de reintrodução na natureza.
Até o ano 2000, acreditava-se que esses crocodilos não existiam mais na natureza. Mas eles foram redescobertos em habitat selvagem naquele ano.
196 crocodilos da espécie já foram soltos na natureza desde 2012. Estima-se que existam apenas 400 da espécie vivendo livremente na natureza —embora existam outros sendo criados em cativeiro.
Os crocodilos-siameses estão classificados como criticamente ameaçados. Eles estão na IUCN (Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza).
Dados da IUCN também apontam que a população está em declínio contínuo. Não há estimativa populacional global da espécie.
O que fez espécie quase desaparecer?
O declínio da espécie está ligado à caça e perda de habitat natural. "Geralmente, existe um colapso cultural que desencadeia a redução direta ou indireta de uma espécie, e então se tenta a conservação in situ (cria-se uma legislação proibindo a caça e demarca-se uma área de proteção), mas a população desenvolve interesse em predar o animal", diz o biólogo Kayron Passos em entrevista ao UOL.
Toy Chorn, guarda comunitário que participou da descoberta e proteção dos ninhos, tem grandes esperanças para a espécie. "Esta descoberta indica que nossos investimentos na conservação deram resultado, e eu acredito que com nossos esforços contínuos de conservação, a população de crocodilos-siameses continuará a aumentar no futuro", disse à CNN.
Comem carcaça e criam "piscinas" para filhotes
A espécie pode chegar a quatro metros de comprimento. Passos aponta que, pelo tamanho, é um predador de topo de cadeia. "Ele ajuda a controlar a população de presas e predadores menores, evitando pragas e desequilíbrios no ecossistema. Além disso, é uma espécie oportunista, que além de caçar, come animais mortos, acelerando a ciclagem de nutrientes na natureza, papel que moscas e larvas demorariam semanas para fazer", diz.
Cuidadosos com filhotes. O biólogo explica, que crocodilianos, como um todo, são extremamente cuidados com seus filhotes, mas o crocodilos-siameses tem uma característica curiosa —e até mesmo fofa: "Eles costumam criar piscininhas para os filhotes e várias especeis de plantas nativas e animais também precisam dessas pequenas poças d'água para viver", afirma o biólogo.
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