Japão teme terremoto de enormes proporções; o que é tremor de megaimpulso?

Japoneses estão temendo que um "megaterremoto" atinja as ilhas do país, devido a um histórico famoso por lá. A preocupação tem fundamento, já que os terremotos de "megaimpulso" tendem a acontecer na região uma vez a cada cem anos, aproximadamente.

O Japão está situado no chamado Cinturão de Fogo ou Círculo de Fogo do Pacífico. O nome, que lembra algo cercado por perigo, de fato é usado por um motivo temoroso: o país está em uma área com intensa atividade sísmica e vulcânica ao redor do Oceano Pacífico. Isso faz com que terremotos severos sejam uma realidade no país.

Tremores intensos podem causar ondas gigantescas de até 30 metros, causando um cenário de imensa destruição e mortes. O alerta se acendeu com o terremoto que atingiu o sul do Japão na quinta-feira (8), de magnitude 7,1.

A Agência Meteorológica do Japão emitiu um alerta inédito sobre o risco de um "megaterremoto" - cancelado uma semana depois.

Pista de drift no Japão é atingida por terremoto
Pista de drift no Japão é atingida por terremoto Imagem: Reprodução

O que são os terremotos de megaimpulso?

Os terremotos de "megaimpulso" acontecem a cada cem anos, aproximadamente, e vêm em pares. Os últimos foram em 1944, com 1.223 mortes, e 1946. No ano de 1707, uma ruptura na fossa provocou o segundo maior terremoto japonês, acompanhado na sequência pela erupção do Monte Fuji. Mais de 5.000 pessoas morreram.

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Sua grande força está ligada a um movimento "nas bordas" das placas tectônicas. Esse movimento ocorre no limite das placas convergentes, quando uma placa é forçada para baixo da outra.

"Encavalar de placas". O movimento atípico pode provocar tremores com magnitudes superiores a 9,0.

No locais em que isso acontece, como no Círculo de Fogo do Pacífico, em que o Japão está, se formam as zonas de subducção - nome dado quando uma placa desliza para debaixo da outra, causando uma "destruição" e provoca uma fusão parcial no manto terrestre, que também induz o vulcanismo pela movimentação do magma.

Esse deslizar de placas causa também a formação de fossas oceânicas. Foi esse movimento que "gerou" a Fossa de Nankai, que tem cerca de 9.000 metros de profundidade.

Críticas ao alerta

O professor Robert Geller, em entrevista à BBC, criticou o alerta, afirmando que ele "não tem quase nada a ver com ciência".

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Ele explicou em entrevista a rede britânica que não é possível prever se um tremor é um abalo prévio ou secundário, o que torna o alerta questionável. Apenas 5% dos terremotos são abalos prévios, mas o tremor de 2011 foi precedido por um abalo de magnitude 7,2 - disse ele, citando o tremor que causou 20 mil mortes e um desastre nuclear.

O sistema de alerta foi criado após 2011 para evitar um desastre semelhante, e esta foi a primeira vez que foi acionado. Apesar do alerta, as autoridades minimizaram o risco de um grande terremoto iminente.

Japão toma cuidados

Moradores em áreas de risco, como Masayo Oshio, verificaram suprimentos e preparativos em resposta ao alerta. O professor Geller, ouvido pela BBC, concorda que moradores em áreas de risco tomem precauções, como estocar água e comida enlatada e manter pilhas para lanternas.

Em Nichinan, Prefeitura de Miyazaki, autoridades inspecionaram abrigos de evacuação após o tremor. Na Prefeitura de Kochi, 10 municípios abriram 75 abrigos de evacuação.

A operadora de usina térmica Jera Co. colocou-se em alerta de emergência e revisou rotas de comunicação e protocolos de evacuação. Na cidade de Kuroshio, moradores foram orientados a evacuar voluntariamente para áreas seguras.

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O que aconteceu?

Um terremoto de magnitude 7,1 atingiu o sul do Japão na quinta-feira. O abalo causou poucos danos, e o alerta de tsunami foi rapidamente reduzido.

No entanto, a Agência Meteorológica do Japão emitiu um alerta inédito sobre o risco de um "megaterremoto" após o tremor, preocupando autoridades e moradores.

O primeiro-ministro cancelou uma viagem planejada para uma cúpula na Ásia Central para monitorar a situação no país. O medo megaterremoto, que acontece uma vez a cada século tem tomado conta do país.

"Estou perplexa com o aviso e não sei o que fazer com ele", disse Masayo Oshio, moradora de Tóquio, em entrevista à BBC de sua casa em Yokohama, ao sul da capital.

O Japão teve cerca de 1.500 terremotos por ano, muitos dos quais causam poucos danos.

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