O que é o B-R-Ó BRÓ, fenômeno que castiga o Nordeste com calorão impiedoso

O B-R-Ó BRÓ, fenômeno que ocorre de setembro a dezembro no Nordeste, traz calor superior a 40°C, com impactos severos à saúde pública e à agricultura.

O que aconteceu

O sertão nordestino enfrenta temperaturas extremas durante o B-R-Ó BRÓ. O fenômeno climático, que ocorre entre setembro e dezembro, eleva as temperaturas em regiões semiáridas, como o Piauí, com registros frequentes acima de 40°C. Cidades como Teresina, Bom Jesus do Piauí e Castelo do Piauí já estão entre as mais afetadas.

Esse calor extremo agrava problemas de saúde pública. A combinação de altas temperaturas e baixa umidade do ar aumenta os riscos de desidratação, especialmente entre crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas. Segundo a Climatempo, o calor também pode provocar complicações respiratórias e até golpes de calor.

A expressão B-R-Ó BRÓ é uma criação popular. Ela surge a partir das últimas sílabas dos meses mais quentes do ano: setembro, outubro, novembro e dezembro, formando a expressão usada principalmente no Piauí para descrever esse período de calor extremo.

A geografia do Piauí desempenha um papel crucial na retenção de calor. A maioria das cidades do estado está localizada a apenas 40 a 70 metros acima do nível do mar, facilitando o acúmulo de calor na superfície. Teresina, a capital, é especialmente afetada por sua posição geográfica entre os rios Parnaíba e Poti, que, em vez de amenizarem o calor, acabam o intensificando, devido à baixa circulação de ar na região, informa o Instituto Livres.

A presença de uma massa de ar equatorial continental é outro fator determinante. Essa massa de ar estaciona sobre o estado durante os meses de B-R-Ó BRÓ, bloqueando a circulação de umidade e tornando o clima ainda mais seco e quente. Isso cria uma sensação térmica de calor extremo, aumentando os desafios enfrentados pela população local.

A agricultura e o abastecimento de água são seriamente afetados. Durante o B-R-Ó BRÓ, a escassez de água se torna mais grave, dificultando a irrigação e afetando a produção agrícola em uma região já vulnerável. Os rebanhos também sofrem, e os pequenos agricultores enfrentam desafios adicionais para manter suas produções.

Relatórios de agosto de 2022 do Sistema Nacional do Informações sobre Saneamento informam que apenas 30,3% dos municípios tem acesso a água tratada. A falta desse recurso impede que toda essa parcela da população tenha cuidados básicos de higiene, limpeza e até mesmo certos tratamentos de saúde, segundo informa o Instituto Livres.

O risco de queimadas aumenta drasticamente. Com a vegetação seca e o calor intenso, o sertão se torna um cenário propício para incêndios, que se espalham com facilidade, causando danos ao meio ambiente e à economia local, alerta a Climatempo.

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Previsões indicam que as temperaturas seguirão em elevação. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e a Climatempo, as condições de calor extremo devem continuar intensas até o final do ano, com projeções de temperaturas ainda mais elevadas para 2024. A população e as autoridades precisam estar preparadas para lidar com essa realidade crescente.

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