Ciro critica intervenção e diz que distribuir armas seria "banho de sangue"

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

21/05/201810h22 > Atualizada 21/05/201815h39

Eleições 2018

Em sabatina promovida pelo UOL, Folha de S. Paulo e SBT nesta segunda-feira (21), o pré-candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes, criticou a intervenção federal decretada pelo governo federal na área de segurança pública no Rio de Janeiro e disse que distribuir armas à população resultaria em um "banho de sangue".

"Qual é o país do mundo que enfrentou isso [violência] expandindo o armamento?", questionou Ciro.

Na avaliação de Ciro, o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) tem "soluções toscas e graves" para segurança pública. "Quando um camarada promete distribuir armas é um banho de sangue". Isso porque, afirmou, os cidadãos não estão preparados para manusear as armas, enquanto os criminosos, sim.

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Ciro Gomes falou que Bolsonaro, "como fascista, tem dificuldade de lidar com o antagonismo" e, caso o concorrente seja eleito, haverá crise posto que "nunca administrou um boteco dos pequenos". O pedetista ainda disse que "gostaria muito" de enfrentar Bolsonaro no segundo turno porque seria o candidato "menos difícil " de derrotar.

Para o pré-candidato, a intervenção federal no Rio de Janeiro "não deu certo nem pode dar". Isso porque, segundo ele, "o traficante mora em Ipanema, no Leblon, na Barra [bairros nobres da capital fluminense], e usa ali [nas favelas] meia dúzia de buchas de canhão".

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Ciro admitiu que a sociedade pode se sentir "psicologicamente mais segura" com a presença ostensiva das Forças Armadas nas ruas, mas destacou que "amanhã ou depois eles vão sair". "Portanto, ela [a intervenção] não é a solução", declarou.

A escolha pelo Rio de Janeiro e não outras cidades que também têm problemas de segurança como Fortaleza, Recife e Maceió, por exemplo, teria ocorrido por "politicagem", "midiaticamente", afirmou.

Ciro anunciou que, se eleito, faria uma reunião com governadores e prefeitos no período de transição para fazer um "grande entendimento nacional" e "trocar a lógica do enfrentamento". Ele disse que também criará um "sistema de segurança pública" e uma Polícia Nacional de Fronteiras, apartada da Polícia Federal.

O pré-candidato explicou que, por meio do sistema de segurança pública, pretende unificar a inteligência e a operação dos diferentes órgãos em esfera federal, estadual e municipal. Segundo ele, é preciso "mudar a lógica presente". Embora tenha criticado duramente o MDB no início da sabatina, pela fala de Ciro, a intenção se assemelha ao projeto do Susp (Sistema Único de Segurança Pública), a ser sancionado pelo presidente Michel Temer até a próxima semana.

Sabatinas com presidenciáveis

Ciro é o segundo sabatinado da série. O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) foi o primeiro entrevistado, no último dia 7.

Na quarta-feira (23), acontece a sabatina com o pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB). A quarta entrevistada é Marina Silva (Rede), na quinta-feira (24).