Não vim aqui para bater boca com um desqualificado, diz Bolsonaro em debate

Bernardo Barbosa e Gustavo Maia

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

Em um debate que ficou marcado pelas poucas provocações entre os candidatos, Jair Bolsonaro (PSL) foi o presidenciável mais contestado no encontro desta quinta-feira (9) promovido pela Band.

O deputado federal teve pelo menos dois momentos de trocas de acusações com o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, e também teve declarações suas contestadas pelo senador Alvaro Dias (Podemos). Ainda foi ironizado em determinado momento por Ciro Gomes (PDT).

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Em sua primeira pergunta da noite, Boulos escolheu Bolsonaro para responder e disse ao deputado que o Brasil todo sabe que ele é "machista", "racista" e "homofóbico", além de ter feito da política um "negócio em família".

Sem demonstrar alteração, o presidenciável do PSL permaneceu sentado e disse que não invade as casas dos outros nem leva terror às cidades, referência ao fato de Boulos ser líder do MTST (Movimento de Trabalhadores Sem Teto).

Ao ser questionado por Boulos sobre a acusação de que emprega uma funcionária fantasma em Angra dos Reis (RJ), Bolsonaro disse que Walderice Santos da Conceição é uma "senhora humilde, trabalhadora" que ganha R$ 2.000 por mês.

Ele disse ainda em tom de ironia que pensou que tivesse ido ao debate para discutir política nacional. "Eu não vim aqui para bater boca com um cidadão desqualificado", declarou o presidenciável, que foi chamado de "farinha do mesmo saco" e representante da velha política corrupta" e abriu mão do tempo integral de sua tréplica.

Aloisio Mauricio/Estadão Conteúdo
Bolsonaro (PSL) e Boulos (PSOL) ficaram lado a lado durante o debate

Os dois voltariam a se enfrentar no quarto bloco. Boulos disse que o capitão da reserva do Exército foi expulso da corporação "porque queria jogar bomba lá em algum lugar". Bolsonaro pediu direito de resposta - que não foi concedido, porque ainda era o seu próprio período de falar - e negou a acusação do candidato do PSOL.

"Colocar bomba, colocava a tua ex-chefe Dilma Rousseff, que matou gente inclusive", disse Bolsonaro. Boulos pediu direito de resposta, alegando que a ex-presidente petista nunca foi sua chefe, mas a organização negou.

Pergunta de Alvaro e ironia de Ciro

Depois, Bolsonaro tornou a ser interpelado sobre uma polêmica envolvendo seu nome. O senador Alvaro Dias (Podemos) perguntou sobre uma frase do adversário, de que mulheres deveriam ganhar salários inferiores ao de homens. Questionou também qual seu posicionamento sobre outros assuntos relacionados ao universo feminino, como estupros e mortalidade infantil.

Bolsonaro respondeu que as mulheres devem ser valorizadas, mas reiterou que o Estado não deve interferir na questão salarial do setor privado. Afirmou ainda que apresentou projeto no Congresso para castração química de estupradores, que não foi aprovado.

No quarto bloco, foi a vez de Ciro Gomes alfinetar o candidato do PSL ao responder a uma pergunta do jornalista Sérgio Amaral sobre a burocracia no Brasil para regularização de medicamentos e tratamentos contra o câncer e outras doenças.

"A Anvisa chega ao cúmulo de passar seis anos para licenciar um princípio ativo, e o Jair Bolsonaro apresentou um projeto autorizando uma droga nova, por lei do Congresso, veja aonde nós chegamos", ironizou Ciro. O adversário pediu direito de resposta, dizendo que a frase de Ciro dava a entender que o remédio era uma droga. Mais uma vez, o pedido foi negado. "O que dá a entender cabe ao público, candidato. Ele entenderá corretamente sem dúvida", explicou o mediador, Ricardo Boechat.

Participaram ainda do debate desta quinta os candidatos Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede).

Candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pôde participar porque está preso em Curitiba, desde abril, cumprindo pena pela condenação no caso do tríplex, da Operação Lava Jato. O partido tentou, mas não conseguiu autorização judicial para que o petista estivesse no debate.

O jornalista Ricardo Boechat, mediador do evento, informou no início do programa que Lula foi convidado, mas "está impedido pela Justiça de participar".

Nessa eleição, as emissoras de TV não são obrigadas a convidar João Amoêdo (Novo), João Goulart Filho (PPL), José Maria Eymael (DC) e Vera Lúcia (PSTU), cujos partidos não atendem ao requisito de contar com ao menos cinco parlamentares no Congresso.

Alckmin é o mais questionado do debate

O debate desta quinta-feira teve cinco blocos. No primeiro, os candidatos responderam a uma pergunta geral dos eleitores do jornal Metro sobre desemprego e fizeram questões entre si, o que se repetiu no terceiro bloco. Na segunda e na quarta parte, os presidenciáveis responderam questionamentos de jornalistas da Band.

Ao longo de dois blocos de confrontos diretos entre os adversários, Alckmin foi o mais questionado, cinco vezes, seguido de Bolsonaro, que respondeu três vezes.

Alvaro, Ciro e Marina foram escolhidos duas vezes cada um, e Meirelles e Daciolo, uma vez cada um. Boulos foi o único candidato ignorado nesta fase.

Os temas das perguntas variaram de combate à violência e aos privilégios de políticos e juízes a programas sociais, educação e endividamento da população.

O primeiro turno das eleições presidenciais tem, até o momento, nove debates marcados. O UOL promove o seu debate junto com o SBT e a Folha de S. Paulo no dia 26 de setembro.

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