Bolsonaro passa por limpeza "agressiva" no abdome, mas há risco de infecção

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

  • FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), esfaqueado nesta quinta-feira (6) durante atividade de campanha, passou por limpeza "agressiva" para remover toda a contaminação visível no abdômen, mas ainda há risco de infecção no local lesionado. O relato é do cirurgião Luiz Henrique Borsato, um dos responsáveis por atender o político no Hospital Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Por esse motivo, de acordo com o médico, o candidato à Presidência já iniciou tratamento com antibióticos e deverá passar por uma bateria contínua de exames no decorrer do processo pós-operatório. "Bactérias são seres microscópicos. Você não enxerga a bactéria. A gente faz a remoção de tudo aquilo que é visível. A gente sabe que houve uma contaminação do abdômen, isso é uma certeza, porque houve a lesão intestinal", explicou Borsato.

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Ao perfurar o abdômen de Bolsonaro, a faca utilizada pelo agressor atingiu os intestinos grosso e delgado, o que provocou o deslocamento de fezes para a região abdominal. O cirurgião disse que fezes possuem "uma carga de bactérias muito alto", que, em uma situação como essa, "passam a agir como parasitas".

"Em um primeiro momento, isso é tratado com lavagem exaustiva com soro durante a cirurgia. Toda a contaminação visível foi limpa e removida. E o tratamento com antibiótico, exames de sangue, exames clínicos do paciente e eventuais tomografias, ultrassonografias e exames de imagem serão feitos de acordo com a equipe que vai conduzi-lo."

"A gente já trata o paciente agressivamente com essa remoção desse conteúdo de fezes e com antibióticos", completou.

Borsato declarou ainda que a situação de Bolsonaro ao chegar à Santa Casa de Misericórdia era gravíssima e que, conforme relatado pelo filho do candidato, Flávio Bolsonaro (candidato ao Senado pelo PSL do RJ), havia risco alto de morte.

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"Difícil falar que ele foi salvo por um fio, mas ele chegou em estado muito grave por conta da hemorragia interna. Houve uma perda sanguínea muito grande e ele chegou em estado de choque", afirmou ele, revelando que o paciente perdeu de dois a dois litros e meio de sangue.

O início da cirurgia, relatou o médico, foi o momento mais crítico para a equipe. O quadro só foi estabilizado --momento que o risco de morte foi afastado-- depois da sutura do ferimento na veia abdominal que levou ocasionou a hemorragia interna. Todo o procedimento durou cerca de duas horas.

"Até que a gente abrisse o abdômen e conseguisse fazer a ligadura da veia que estava sangrando. Ele estava muito instável na parte hemodinâmica e aí veio a gravidade. A partir do momento que foi estancado o sangramento e ele foi recebendo soro e as transfusões de sangue, ele foi progressivamente estabilizando durante a cirurgia", contou.

Devido ao ferimento no intestino, foi necessário realizar uma colostomia --que consiste em conectar o órgão a uma bolsa intestinal fora do abdômen. Para retirá-la, o candidato terá que passar por uma segunda cirurgia. "Acreditamos que não há risco de sequela. Ele vai ter que ser submetido a uma nova cirurgia para reversão e retirada da colostomia."

Reprodução
Bolsonaro passa por cirurgia em Juiz de Fora

Não houve nenhuma lesão no fígado nem no pulmão, como foi especulado inicialmente.

Os médicos afirmaram também que, em princípio, Bolsonaro deverá ficar internado por pelo menos um período de uma semana a 10 dias, mas ressaltaram que se trata de uma estimativa.

Segundo a equipe da Santa Casa, Bolsonaro só teve contato com os filhos por enquanto, desde que recobrou a consciência --ele está sob efeito dos sedativos. Além dos filhos, assessores do candidato também estão na UTI. Por fim, os cirurgiões descartaram qualquer possibilidade de Bolsonaro ser transferido pelo menos até amanhã de manhã. Médicos do Sírio Libanês, em São Paulo, chegarão ainda hoje a Juiz de Fora para avaliá-lo a pedido da família.

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