Estável, Bolsonaro se senta pela 1ª vez desde ataque

Gustavo Maia e Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

O estado de saúde de Jair Bolsonaro (PSL) continua estável neste sábado (8), apesar de o candidato continuar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital Albert Einstein, no Morumbi, zona sul de São Paulo. O candidato à Presidência do PSL se mantém consciente desde que chegou ontem ao hospital e em boas condições clínicas, segundo informou novo boletim médico, divulgado às 10h40 de hoje.

Flávio Bolsonaro, filho do presidenciável, publicou por volta das 12h em sua rede social uma foto do pai sentado (veja o post a seguir). Ele informou que o candidato começou a fazer fisioterapia. Mais cedo, o hospital havia informado que ele se sentaria pela primeira vez desde o ataque neste sábado. "Hoje, Jair Bolsonaro será movimentado do leito para a poltrona", afirmou o boletim.

A unidade de saúde informou ainda que o candidato "encontra-se em boas condições cardiovascular e pulmonar, sem febre ou outros sinais de infecção. Mantém jejum oral, recebendo nutrientes por via endovenosa".

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Ainda segundo o boletim, não houve nenhuma intercorrência nas últimas 24 horas e que "está mantida a continuidade no tratamento clínico com boa evolução, sem necessidade de procedimento no momento".

O hospital já havia divulgado ontem que Bolsonaro tinha realizado exames laboratoriais e de imagens, permanecendo em quadro estável. O hospital havia dito também que a cirurgia feita pelos médicos da Santa Casa de Juiz de Fora (MG) na quinta-feira (6) foi bem executada.

O hospital Albert Einstein informou que, enquanto o candidato estiver internado, serão divulgados boletins a respeito do estado de saúde dele, todos os dias, às 10h e 18h. A equipe médica responsável é formada pelo cirurgião Antônio Luiz Macedo e o clínico e cardiologista Leandro Santini  Echenique.

Na noite de quinta, após ter sido esfaqueado, Bolsonaro foi levado à Santa Casa de Juiz de Fora, onde foi operado. A perfuração deixou lesões graves em órgãos intra-abdominais do candidato. Além da lesão no intestino grosso, Bolsonaro teve três perfurações no intestino delgado.

Na manhã de sexta-feira (7), Bolsonaro aceitou ser transferido para São Paulo. Inicialmente, tinha manifestado a vontade de ir para o Hospital Central do Exército, mas depois aceitou ser levado para o Albert Einstein, onde chegou na manhã de ontem.

Veja como foi o ataque a Jair Bolsonaro em Juiz de Fora

Campanha de Bolsonaro

Estavam reunidos no hall de entrada do hospital, na manhã desta sexta-feira, o deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidenciável, os senadores Magno Malta (PR-ES) e José Medeiros (Podemos-MT) e o economista Paulo Guedes. No final da manhã, o presidente licenciado do PSL, Luciano Bivar, se juntou ao grupo de aliados de Bolsonaro.

Estava prevista para hoje uma reunião para traçar os novos rumos da campanha. Paulo Guedes, ao chegar no hospital, disse que não visitaria Bolsonaro porque ele "precisa descansar".

O senador Magno Malta adiantou que a campanha vai usar as imagens que mostram Bolsonaro sendo esfaqueado. Flávio Bolsonaro já havia dito que seu pai não conseguiria fazer a campanha nas ruas antes do primeiro turno. Para Malta, isso não deve atrapalhar a campanha, uma vez que os brasileiros sabem quem é e o que pensa Bolsonaro.

No fim da manhã, o deputado federal Alberto Fraga (DEM), candidato a governador do Distrito Federal, chegou ao hospital para tentar visitar Bolsonaro, que é seu amigo. Coordenador da "bancada da bala" da Câmara dos Deputados, ele oficialmente apoia o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, mas declara voto e preferência pelo presidenciável do PSL. No hall do hospital, o ex-ator pornô é candidato a deputado federal de São Paulo pelo PSL, Alexandre Frota, tirava selfies com outros aliados de Bolsonaro.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho do candidato, disse a jornalistas na porta do hospital discordar da expressão usada ontem pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, sobre a hipótese investigada pela Polícia Federal de que o ataque partiu de um "lobo solitário".

"O que nos deixa mais com a pulga atrás da orelha é que, como é que pode, uma pessoa desempregada viajando para Santa Catarina, Minas Gerais, com quatro advogados para defendê-lo de prontidão, logo após que ocorreu. Acho muito difícil que seja uma pessoa sozinha, uma ação de lobo solitário. As coisas estão muito estranhas. E, isso aí, no linguajar policial, merece mais investigação", afirmou após visitar seu pai na UTI.

Hospital restringe visitas

As visitas a Bolsonaro foram restringidas, a partir da tarde deste sábado, à mulher e aos filhos, conforme ordem médica do hospital Albert Einstein. Bolsonaro é casado e tem cinco filhos (quatro homens e uma menina).

Em nota divulgada às 12h10, a unidade de saúde diz que a restrição ocorre porque o candidato está na UTI, "local de acesso controlado, e em fase de recuperação na qual o descanso é requisito fundamental".

A avaliação passada pelos médicos aos familiares é que se "forçou a barra" nesta sexta, já que Bolsonaro fazia grande esforço para falar quando recebia os visitantes. Magno Malta, por exemplo, entrou duas vezes na UTI e fez vídeos do deputado falando.

A médica Eunice Dantas, diretora técnica da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, afirmou que ele perdeu quase metade do sangue do corpo. ""Ele perdeu de 40% a 50% do sangue do corpo. Um homem adulto como ele tem entre cinco e cinco litros e meio", disse.

Segundo a diretora, a agilidade em levá-lo ao hospital foi fundamental para que o ataque não tivesse resultado mais grave. "Foi por pouco. Se ele não chegasse no hospital naquele momento, ele poderia ter morrido. Foram quatro bolsas de sangue para ajudá-lo."

Ainda segundo a médica, por uma questão de centímetros, Bolsonaro não foi golpeado em uma região com "estruturas muito nobres e com vasos muito mais calibrosos". "Se pega [frontalmente] no intestino grosso dele, se pega uma artéria, seria muito pior", afirmou.

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