Após pesquisas, Doria e Skaf encerram paz e partem para o ataque

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em São Paulo

  • Alex Silva/Estadão Conteúdo

    24.ago.2018 - Doria (e) e Skaf (d) conversam antes do início do debate da RedeTV!

    24.ago.2018 - Doria (e) e Skaf (d) conversam antes do início do debate da RedeTV!

Após a divulgação da pesquisa Ibope de intenção de votos desta semana, os principais candidatos ao governo de São Paulo mudaram as estratégias e começaram a se atacar no horário eleitoral gratuito e em declarações à imprensa. Os dois primeiros colocados, Paulo Skaf (MDB) e João Doria (PSDB), também intensificaram embates na Justiça Eleitoral para conseguir direitos de respostas e suspender as apresentações de propagandas, situação que será cada vez mais frequente, segundo os coordenadores das campanhas.

Na quarta-feira (12), Doria levou ao ar uma propaganda em que tentava vincular Skaf ao presidente Michel Temer (MDB) e sugeria um favorecimento do filho do candidato, André Skaf. O candidato do MDB reagiu no mesmo dia e disse que Doria é um "político de quinta categoria e mostra desespero. Ele já percebeu que não vai conseguir enganar o povo de São Paulo pela segunda vez", em referência à saída do tucano da prefeitura de São Paulo, após um ano e quatro meses no cargo.

Na quinta-feira (13), o TRE-SP determinou liminarmente que Doria suspenda a veiculação de uma propaganda que diz que o "Governo Temer liberou R$ 14 milhões ao filho de [Paulo] Skaf". A representação que valeu uma decisão favorável a Skaf é uma das nove que sua equipe de advogados ingressou contra Doria apenas na quarta-feira (12). Até então, a coligação do MDB não havia feito uma representação contra o rival desde a abertura da campanha. O volume de procedimentos faz parte da estratégia da equipe jurídica de sempre ingressar com diversas representações quando houver ataques ao emedebista.

A relação entre os dois, até então, era de não agressão. Isso ficou evidente ao longo da campanha e no debate da RedeTV!, em 24 de agosto, quando horas antes Doria tinha sido condenado a perda de direitos políticos, fato que Skaf não mencionou em nenhum momento, mesmo tendo a oportunidade de questionar o adversário durante os enfrentamentos. No debate, inclusive, só os candidatos Professora Lisete (PSOL) e Luiz Marinho (PT) mencionaram o caso.

Pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira (10) - a primeira do instituto após o início do horário eleitoral gratuito na TV e no rádio - aponta que Skaf tem vantagem numérica sobre Doria (22% a 21%), mas continuam tecnicamente empatados na disputa pelo governo de São Paulo. É a primeira vez que isso ocorre desde o início das pesquisas Ibope e Datafolha para o posto.

"Diante do desespero do Doria, voltaram a artilharia contra nós e com acusações falsas. A orientação é reagir sempre que a lei for violada", explica o coordenador jurídico da campanha de Paulo Skaf, Fernando Neisser, sobre as representações. Quase todas dizem respeito à forma como Doria veicula as pesquisas em seus programas eleitorais.

A campanha do emedebista estuda novas representações que devem ser protocoladas esta semana.

Você afirmar numa peça [publicitária] que Doria mentiu para população é saudável para a democracia. Porque ele falou que ia ficar e não ficou à frente da Prefeitura. Há ataques e ataques
Fernando Neisser, coordenador jurídico da campanha de Paulo Skaf (MDB)

O perfil dos "ataques" da campanha de Doria era outro antes do início do horário eleitoral e mirava o PT de Luiz Marinho e o PSB do governador e candidato à reeleição Márcio França, que chegou a ser chamado de "Márcio Cuba". Em um dos episódios a campanha tucana convocou a imprensa para acusar o socialista de usar a máquina em campanha.

Entre 3 de maio e 7 de agosto, a equipe tucana ingressou com quatro representações eleitorais e uma ação cautelar contra França. Os dois disputavam antes de o período eleitoral começar o apoio do ex-governador e presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). Entre 28 de agosto e 7 de setembro foram outras quatro representações contra o candidato do PSB.

Já contra Skaf, a coligação do tucano não havia movido nenhuma ação até a tarde de 13 de setembro, mas optou pelas críticas no horário eleitoral, que resultou na punição sofrida na última quinta (13).

Coordenador jurídico da campanha de Doria, Flávio Henrique Pereira diz que os processos movidos pela equipe antes das eleições foram para combater fake news e perfis falsos no Facebook e Twitter. Foram movidas ao menos dez representações, entre julho e setembro, contra publicações nessas duas redes sociais.

"João Doria vem sofrendo ataques diretos em redes sociais há mais de quatro, cinco meses e não é possível pensar que os ataques que foram feitos não serão respondidos", explicou. O coordenador ainda sustentou que o "que está se fazendo hoje é levar ao eleitor uma resposta contra aquilo que indevidamente vem sendo dito sobre o João".

Os processos [movidos pela equipe de Doria] são para proteger o João de ataques injustos
Flavio Henrique Pereira, coordenador jurídico da campanha de João Doria

Representações na Justiça Eleitoral entre maio e o início da tarde de 13 de setembro:

  • João Doria entrou com 8 representações e uma ação cautelar contra Márcio França;
  • Paulo Skaf entrou com 9 representações contra Doria, sendo uma movida pelo filho, André Skaf.
  • Márcio França entrou com 2 representações contra Doria, uma movida pelo filho Caio França;

Márcio França vincula Skaf a Temer e diz que 'não dá para acreditar' em Doria

Sem ultrapassar a casa dos dois dígitos nas pesquisas Ibope e Datafolha e empatado tecnicamente com Marinho, França passou a última semana criticando os dois primeiros colocados.

Na segunda-feira (10), a equipe de Márcio França veiculou uma propaganda de 30 segundos em que criticou três concorrentes: "PT já foi, Skaf é para temer [fazendo uma alusão ao presidente Michel Temer (MDB) com uma foto da dupla], e João não dá, não dá para acreditar", apresentou uma música em ritmo de samba.

O prefeito de Campinas (SP) e coordenador da campanha, Jonas Donizette (PSB), acredita que os três candidatos devem aumentar as agressões de natureza política e atribui isso à última pesquisa.

"O Márcio França quer mostrar que é diferente, então vamos continuar com a comunicação em TV e indicar onde é diferente, como já começamos a fazer. O Doria, quando liderava as pesquisas sozinho, atacou o Márcio, eu acho isso um erro. Acredito que é por inexperiência política", disse. Procurada, a assessoria do tucano não respondeu aos comentários.

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