Bolsonaro tem alta hospitalar 23 dias após levar facada
Gustavo Maia, Hanrrikson de Andrade e Marina Lang
Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo e Rio
O candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) teve alta neste sábado (29) e chegou ao Rio de Janeiro por volta das 16h40 em um voo comercial no aeroporto Santos Dumont. O presidenciável deixou o Hospital Israelita Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, por volta de 13h45, após 23 dias de internação em decorrência da facada que levou no abdômen durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6 de setembro.
No Santos Dumont, cerca de cem apoiadores o aguardavam. Bolsonaro usou, no entanto, a saída da base aérea, com escolta da Polícia Militar. Em um veículo de vidros escuros, o candidato não saiu do carro tampouco acenou à multidão. O grupo que o aguardava aplaudiu.
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"Poxa, ele poderia ter dado um tchauzino", disse a professora Maria do Carmo, que voltava de uma manifestação de apoio ao candidato em Copacabana, na zona sul carioca. Ela negou, porém, ter ficado decepcionada. "Prefiro que ele resolva as coisas do país a um aceno", afirmou.
Mãe e filho, Tereza e Rodrigo Menezes vieram de Maricá (RJ) apenas para recepcionar Bolsonaro. "A gente entende o porquê de ele não parar para falar, ele precisa se preservar", disse Rodrigo.
A estratégia adotada no Santos Dumont foi semelhante à usada no Albert Einstein --Bolsonaro deixou o hospital utilizando uma saída alternativa, enquanto apoiadores e jornalistas o aguardavam no acesso principal. Segundo o presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, o candidato não falou com a imprensa por falta de um auditório disponível dentro do hospital. Ainda debilitado por conta do ataque, ele não teria condições de falar com a imprensa na saída por causa do risco de haver contato físico com muitas pessoas.
O presidenciável chegou a seu apartamento, em um condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste carioca, por volta das 17h30. Cerca de 150 apoiadores com camisetas verde-amarelas o aguardavam na porta. Buzinaço, bandeiras, jingles políticos de música sertaneja e o hino nacional marcaram a chegada do candidato à sua casa após 23 dias de internação. No local, apoiadores hostilizaram um carro da TV Globo.
Segundo o boletim médico, a alta hospitalar foi dada às 10h. A alta ocorre no mesmo dia em que estão marcados protestos contra e a favor do candidato do PSL.
Do Einstein, Bolsonaro foi direto para o aeroporto de Congonhas onde embarcou em voo comercial para o Rio. O carro que levou o candidato foi acompanhado por carros da Polícia Federal e da Polícia Militar.
Mais cedo, a segurança na frente do hospital foi reforçada com agentes da PM, além de carros e motocicletas da Rocam. Bolsonaro está sendo acompanhado por policiais federais que, por lei, fazem sua segurança desde que ele se tornou oficialmente candidato ao Palácio do Planalto.
No período em que esteve internado, Bolsonaro passou por duas cirurgias: uma para estancar a hemorragia, logo após o ataque, e outra, também de emergência, para corrigir um problema no intestino.
O político estava com alta prevista para sexta-feira (28) e chegou a comprar passagem aérea para o Rio. A liberação, no entanto, foi adiada por conta de uma infecção.
Segundo o próprio Bolsonaro, a recomendação médica é que ele fique em repouso em sua casa até 10 de outubro, três dias após o primeiro turno. Se isso ocorrer, o líder nas pesquisas não participará dos dois debates marcados para antes da votação no dia 7.
Durante o período em que esteve internado, Bolsonaro cresceu nas pesquisas e se consolidou na liderança. Segundo levantamento do Ibope divulgado um dia antes do ataque, Bolsonaro tinha 22%. No mais recente, do dia 26 de setembro, ele chegava a 27%.
Já pesquisa Datafolha desta sexta-feira mostrava o candidato do PSL com 28%.
Durante a internação, Bolsonaro tentou se manter no comando das ações à medida que ia se recuperando, mas acabou perdendo as rédeas da campanha.
"Infelizmente, nossa campanha está sendo comandada de dentro de um hospital", comentou o filho dele, Flávio Bolsonaro, na última quarta-feira (26).
Ao seu lado estavam, além dos filhos, o presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, que buscou centralizar as decisões.
Porém, a campanha acabou enfrentando momentos de turbulência, sobretudo devido a declarações de homens de confiança do presidenciável, como o economista Paulo Guedes e o candidato a vide na sua chapa, General Mourão (PRTB).
A mais recente foi a repercussão de um comentário de Mourão em uma palestra para empresários no Rio Grande do Sul. O militar fez críticas ao pagamento de 13º salário e ao adicional de férias ao trabalhador.
Bolsonaro concedeu entrevista nesta sexta ao programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes, e afirmou ter enviado uma ordem a Mourão após a repercussão negativa: "Falei, sim, para ele ficar quieto. Afinal de contas, está atrapalhando realmente".
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