Essa eleição não é de propostas, diz cotado para ser ministro de Bolsonaro

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

  • Bruna Prado

    Onyx Lorenzoni participou de entrevista coletiva ontem, após resultado do 1º turno

    Onyx Lorenzoni participou de entrevista coletiva ontem, após resultado do 1º turno

Reeleito neste domingo (7) para o quinto mandato consecutivo como deputado federal, Onyx Dornelles Lorenzoni (DEM-RS) é exaltado dentro da campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) como seu principal articulador político no Congresso. Foi ele, por exemplo, que coordenou o programa de governo do candidato e ajudou a arrebanhar o apoio de parlamentares de diversos partidos. Pela atuação, já foi anunciado como o futuro ministro da Casa Civil caso Bolsonaro seja eleito.

No dia seguinte ao primeiro turno, Lorenzoni falou sobre como vê a etapa final da disputa pelo Palácio do Planalto ("vai virar um plebiscito: volta PT ou não volta PT") e refutou qualquer chance de derrota de Bolsonaro para o candidato petista Fernando Haddad ("é matemática"). "Essa eleição não é de propostas", analisa o deputado. Para ele, governo é "conceito" e não plano.

Falando a jornalistas no lobby do hotel cinco estrelas onde está hospedado, a 350 metros do condomínio de luxo onde o presidenciável mora com a família, na orla da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, o parlamentar se preparava para participar de uma reunião com integrantes da cúpula da campanha, para avaliar o cenário de 1º turno e conversar sobre as linhas dos programas de televisão do 2º, que começarão a ser veiculados na sexta-feira (12)

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No início da noite, ele e o presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, levaram os resultados do encontro para Bolsonaro. Desde a definição do pleito, conta Onyx, ele recebeu ligações de possíveis aliados. "Muita gente", comentou, sem entrar em detalhes. "Tem que levar para ele primeiro. Não quebro hierarquia mas nem que...", acrescentou, sem completar a frase.

A estratégia da campanha é aguardar apenas apoios voluntários. "Acho muito natural isso. Porque vai virar um plebiscito: volta PT ou não volta PT. Simples assim, fácil assim. Nós não vamos procurar ninguém. Nós vamos receber as pessoas. Nós dissemos lá atrás que a nossa coligação era com as pessoas", declarou Lorenzoni, cujo partido, o DEM, estava coligado com o candidato Geraldo Alckmin (PSDB).

Ao ser indagado qual será a tática adotada para ampliar o eleitorado de Bolsonaro, que obteve 46,03% dos votos válidos neste domingo, o articular político do candidato ecoou o discurso da cúpula da campanha. "É justamente mostrar para essas pessoas as diferenças e continuar muito firme aos princípios e valores. Foi isso que permitiu que ele crescesse no Nordeste. As pessoas querem recuperar valores", disse.

Segundo Lorenzoni, nenhum governo desde a instalação da República respeitou o cidadão. "Esse é um conceito preponderante do governo. Não tem que tirar carimbo. Se tiver aporte técnico, vai alterar. Não tem que ter carimbo e autorização de ninguém. Outro conceito é o primeiro governo que vai diminuir sua própria estrutura para deixar a sociedade avançar. Isso vai permitir ao governo crescer 3%, 4% [ao] ano."

Na campanha, o antipetismo será a principal força para mover a máquina da campanha. Isso porque, diz o deputado, a maioria absoluta da população não quer a volta do Partido dos Trabalhadores. "Não vai mudar o tom. O que acontece objetivamente: ele chegou aos 47% e eu acho que foi 'garfeado', sozinho, contrariando tudo e todos. Não tem tempo de TV, capilaridade, partido político, dinheiro", afirmou Lorenzoni

Ele diz acreditar que a "ampla maioria" dos eleitores de Ciro Gomes (PDT), que recebeu 12,47% dos votos válidos, migrará para Bolsonaro. "Ciro é ainda mais crítico e resistente ao PT. É natural que ele não vote no PT. O eleitor do PDT não vota no PT [...] O Jair se construiu para representar a centro-direita no Brasil. O PSL é um grupo que reúne conservadores nos costumes e liberais na economia", resumiu.

Neste domingo, o presidenciável do PDT deixou claro que não apoiará Bolsonaro ao responder que "ele não", slogan do movimento contrário ao deputado federal do PSL.

"Essa eleição não é de propostas. Mais propostas que os marqueteiros do Alckmin fizeram, que o Ciro fez, ou que a Marina fez, impossivel. E o que que definiu? O passado do Lula e a esperança de um futuro, que o Bolsonaro é isso. Governo é conceito, governo não é plano. Isso é uma empulhação que marqueteiro ensinou para todos no Brasil", declarou Onyx.

Para ele, os publicitários responsáveis pelas campanhas dos adversários só sabem vender "sabonestes" e "carros" e têm muitas dificuldades de trabalhar com questões conceituais.

O Jair muda a lógica da estrutura política brasileira. É diferente, nós estamos vivendo um mundo novo."
Onyx Lorenzoni, deputado federal e coordenador do programa de governo de Bolsonaro

"Se as rádios brasileiras não se adaptarem, sumirão, as TVs brasileiras não formam mais a cabeça das pessoas. Tem um mundo aí fora. Nós temos um cara, um candidato que conseguiu fazer essa conexão. E nenhum dos outros conseguiu", avaliou o deputado.

Para ele, portanto, Bolsonaro só perderá o pleito do próximo dia 28 "se eles roubarem nas urnas" --"não tem outro jeito". Indagado se já considero a eleição ganha antes do fim, ele recorreu a uma ciência exata.

"Não é que está ganha, tem que trabalhar e lutar, agora é matemática, né, gente? Faz a continha: quanto ele tem e quanto tem o campo que tem alguma similaridade --pode até tirar o Ciro dessa conta--, pega só o campo que tem identidade. É um quinto do teu campo. Matemática é matemática", disse Lorenzoni.

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