Derrotado, Richa diz que vai cuidar da vida e que prisão foi "pá de cal"

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

  • GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO

    Beto Richa participa de entrevista coletiva em Curitiba nesta segunda

    Beto Richa participa de entrevista coletiva em Curitiba nesta segunda

Após a derrota na disputa ao Senado, o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) reclamou da Justiça durante coletiva realizada na sede do partido estadual, em Curitiba. O tucano disse que a operação da Polícia Federal da qual foi alvo durante a campanha foi uma "pá de cal" em sua candidatura, com objetivo de "assassinar" sua reputação.

 A partir de 2019, Richa não estará na vida pública, função que exerce há 24 anos, desde quando foi eleito deputado estadual. "O benefício [de estar fora da vida pública] é que vou poder cuidar da minha vida e só cuidei da dos paranaenses", disse.

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Richa foi vice-prefeito de Curitiba, prefeito da capital paranaense e governador do Estado - chegou a ser cogitado como nome do PSDB à Presidência da República. Durante a entrevista, ele fez um balanço de seu governo, apresentando dados positivos sobre a sua gestão por quase 8 anos à frente do estado em uma tentativa de não relacionar o desempenho das urnas à administração.

Entretanto, o governador admitiu que o arrocho fiscal feito em seu segundo mandato gerou desgastes com a população. "Mas eu faria tudo de novo. Não penso em próxima eleição", diz.

Richa diz que precisa avaliar este momento, mas não descarta se retirar em definitivo da política. "Para frente, vou avaliar. Posso analisar a minha retirada [da vida pública]", afirmou. O ex-governador atribuiu a prisão de 11 de setembro, em operação do Ministério Público do Paraná, a culpa pelo resultado das urnas: 3,7% de votos e o sexto lugar na corrida ao Senado. Segundo ele, o PSDB, de modo geral, teve um desempenho ruim no país inteiro, "até mesmo pelo desgaste de estar no poder".

"A minha situação culminou com a operação arbitrária, ilegal, injusta e desumana, de que eu e minha família fomos vítimas nas proximidades da eleição. Há indicativos de que houve interesses políticos para interferir no período eleitoral. Ali, foi a pá de cal na minha candidatura, por ter interferido no processo eleitoral em uma tentativa de assassinar a minha reputação", afirmou, em referência à Operação Rádio Patrulha.

Em setembro, durante a campanha eleitoral, Beto Richa foi alvo da operação Rádio Patrulha, deflagrada pelo MP-PR, em 11 de setembro. O governador chegou a ser preso temporariamente, junto com sua mulher, Fernanda Richa, e outras 13 pessoas, mas foi solto.  Ao lado de outras 11 pessoas, Richa foi denunciado pelo MP, no último dia 25, por crimes como corrupção passiva e ativa e fraude a licitação relacionadas ao Programa Patrulha do Campo, que visava recuperar estradas rurais do estado.

Tucano se diz surpreendido com "onda de mudança"

Segundo Richa, o resultado das eleições deste ano foi surpreendente. "A eleição teve uma grande onda de mudanças. Novos nomes foram privilegiados na eleição e muito voto de protesto. Não se imaginava uma renovação tão grande. Alguns partidos tiveram grande prejuízo, o nosso também", afirmou, referindo-se ao desempenho do PSDB no país.

De acordo com o ex-governador, isso se deve ao "caos completo" dos 16 anos de governo do PT. "É o resultado da insatisfação do eleitor. Aí vem o Bolsonaro, esbravejando e conquistando a confiança dos brasileiros, com grandes chances de ser o próximo presidente. Ele traz um discurso de esperança, de mudança: já que deu errado, apareceu um outro lado extremo, como contraponto", avalia.

Conforme Richa, há uma tendência de que ele apoie Bolsonaro no segundo turno. No entanto, essa decisão oficial deve ocorrer após a reunião da executiva nacional do partido, prevista para esta terça-feira (9). "Esta é a minha posição, mas não vou anunciar agora por respeito à reunião", disse. "Não temos nem de longe o candidato ideal, mas temos que escolher", acrescenta sobre o cenário do segundo turno.

De acordo com o ex-governador, neste encontro, o PSDB vai analisar o quadro eleitoral como um todo para determinar qual o caminho tomar. "Nós vamos assentar a poeira. Temos o resultado recém-anunciado. Vamos analisar o quadro como um todo, qual o rumo o PSDB deve tomar daqui em diante e o baixo desempenho eleitoral", avaliou.

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