PT diminui Lula e a cor vermelha nos materiais de campanha de Haddad
Nathan Lopes e Leonardo Martins
Do UOL, em São Paulo
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Divulgação
Uma nova versão do logotipo da campanha do candidato a presidente do PT, Fernando Haddad, já começou a ser usado por membros de sua equipe. A principal diferença é a ausência do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Antes, aparecia a expressão "Haddad é Lula" e o nome da candidata a vice, Manuela D'Ávila (PCdoB), em menor escala. Com a ausência de Lula, Haddad vira o destaque da marca com o nome de Manuela em dimensão maior na comparação com a versão anterior.
A nova marca também perdeu a cor vermelha e ganhou tonalidades da bandeira brasileira, em azul, verde e amarelo. A semelhança entre as duas versões é a estrela saindo da letra A do nome de Haddad, que está junto a uma forma que lembra a faixa presidencial.
A mudança acontece após o ex-presidente Lula ter pedido para que Haddad deixe de visitá-lo nas próximas semanas para se concentrar na campanha. Haddad, pelo Twitter, publicou pela primeira vez a nova campanha petista na tarde desta quarta-feira (10).
#AgoraÉHaddad pic.twitter.com/
— Fernando Haddad 13 (@Haddad_Fernando) 10 de outubro de 2018
Ao longo dos últimos dias, porém, petistas têm negado que haja uma tentativa de desvincular Haddad de Lula para conquistar os votos do antilulismo.
Na terça-feira (9), o senador eleito Jaques Wagner, que passou a integrar a equipe de campanha de Haddad, disse que "não tem desvinculação" e que o projeto político é o mesmo. "Só que agora as pessoas querem saber mais da personalidade do próprio candidato. Então, é essa tarefa que a gente tem agora. Mostrar quem é o professor Haddad, o pai de família, o tocador de violão, o homem que é faixa preta de taekwondo. É só uma questão de mudança."
A decisão pela troca do logotipo foi decidida em reunião nesta quarta-feira (10) entre membros da coordenação de campanha de Haddad. Eles estiveram reunidos na manhã desta quarta no diretório nacional do partido, no centro de São Paulo. A troca de logotipo deve acontecer ao longo do dia.
"Haddad tem que ser mais que Lula e PT", diz especialista
Professor de ciência política da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas de São Paulo), Eduardo Grin afirma que, no primeiro turno, o PT utilizou uma campanha "mais à esquerda", associando a imagem de Lula a Haddad para conseguir uma base de votos historicamente petista e chegar ao segundo turno. Agora, a tática tem que mudar.
"Segundo turno são dois projetos que dialogam com os extremos, mas precisam negociar com eleitores de centro, porque há um enorme contingente de eleitores que votaram branco, nulo, se abstiveram ou não votaram em nenhum dos dois [Haddad e Jair Bolsonaro, do PSL)", afirma.
Para Grin, o PT aprendeu que essa estratégia funciona depois de perder as eleições de 1994 e 1998, quando Lula focou seu discurso e campanha apenas no eleitorado de esquerda, sem acenar ao centro e, assim, foi derrotado duas vezes seguidas, ambas no primeiro turno, por Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
"A campanha fez o cálculo que conectar o ex-presidente [Lula] a Haddad era importante para chegar no segundo turno, e chegaram. Agora, precisam mostrar que tem símbolos, de material de campanha principalmente, que identificam a campanha. Haddad tem que ser mais que Lula e PT [se pretende vencer]", afirma o professor.
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