Haddad diz que 'ativista do Bolsonaro' perseguiu e ameaçou comitiva no DF

Nathan Lopes*

Do UOL, em São Paulo

Nesta sexta-feira (12), o candidato à presidência Fernando Haddad (PT) afirmou ter sido vítima de perseguição em Brasília ontem, quando participava de evento organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

"Um ativista do Bolsonaro começou a ofender a Igreja Católica. Nós nos retiramos da CNBB, onde a entrevista ia ser concedida, e ele começou a ofender a igreja chamando de igreja comunista, de igreja gay, coisas completamente sem sentido", disse o candidato. 

"No trânsito até o hotel, onde nós passamos a fazer a coletiva para evitar transtornos, ele seguiu numa 4x4 a nossa comitiva e tentou realmente furar a comitiva, fazendo gestos, em alta velocidade, para tentar interceptar os nossos carros", afirmou Haddad.

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O ex-prefeito de São Paulo diz que o suposto simpatizante de Bolsonaro "chegou até o hotel, voltou a fazer ofensas à igreja católica, mas depois foi contido. Os seguranças não aceitaram a provocação. Ele chamava os seguranças armados do hotel para briga e ele acabou desistindo da provocação na porta do hotel".

Haddad diz que o envolvido "está sob supervisão da Polícia Federal em função dos gestos de violência" e questionou: "Qual o sentido disso num país que é majoritariamente católico? Agora, depois de atacar mulheres, LGBT, gay, que passem a atacar católicos é preocupante".

Nesta sexta-feira (12), dia de Nossa Senhora Aparecida, o petista participou novamente de evento ligado à Igreja Católica, em missa na zona sul de São Paulo.

"O Bolsonaro é isso: é violência, é bala, é desrespeito, é a representação de tudo que há de pior em termos de violência no país", atacou.

Em meio ao crescimento de relatos de ataques contra opositores de Bolsonaro, o capitão reformado declarou que "dispensa os votos de quem pratica violência".

Amanda Perobelli/Reuters
Haddad participou de missa na Paróquia Santos Mártires, em São Paulo, no dia de Nossa Senhora Aparecida
Ataques verbais

Haddad também criticou dois apoiadores do seu adversário, o economista Paulo Guedes e o líder da Igreja Universal, Edir Macedo. Ele disse que Bolsonaro "é uma mistura dos dois".

"Ele é o casamento do neoliberalismo desalmado, representado pelo Paulo Guedes, que corta direitos trabalhistas e sociais, com o fundamentalismo charlatão do Edir Macedo". Haddad indicou que eles têm "fome de dinheiro".

Guedes já foi anunciado como eventual ministro da Fazenda em um governo Bolsonaro. Já Macedo, também proprietário da Record, anunciou seu apoio ao candidato do PSL no mesmo dia em que sua emissora realizava o debate entre os candidatos a presidente no primeiro turno, em 30 de setembro.

Haddad chamou Bolsonaro de mentiroso depois de o opositor ter voltado a dizer que o petista criou o que o candidato do PSL chama de "kit gay". "Você acha que uma professora brasileira ia aceitar esse tipo de coisa dentro da sala de aula", questionou, ao lado de sua esposa, Ana Estela Haddad.

"É um desrespeito ao magistério, um desrespeito às professoras. É uma mentira deslavada de quem não tem projeto. Ele não tem projeto para o país a não ser armar as pessoas para que elas se matem", disse o presidenciável, que voltou a convocar Bolsonaro para um debate.

Em uma missa realizada na manhã desta sexta-feira, o padre Jaime Crowe também fez críticas veladas a Bolsonaro, sem citar nomes. "Não dá. Não dá. Nós queremos uma nova civilização, uma civilização de amor", disse. "Queremos superar o ódio e construir o amor para que reine neste país a paz".

Aos jornalistas, o candidato minimizou o resultado da primeira pesquisa de intenções de voto para o segundo turno, que mostra Bolsonaro com 58% dos votos válidos e Haddad, com 42%. "Tenho quinze dias para somar mais oito pontos. Acho completamente possível eu conseguir. E rumo à vitória". Ele ainda espera receber apoio de lideranças históricas do PSDB "se somem à onda contra a violência que o Bolsonaro representa".

Discussão

Haddad também discutiu com uma mulher presente na igreja. Ela disse que o petista não poderia ter participado da comunhão por ser "um abortista".

"Eu sou neto de um líder religioso", respondeu o candidato e emendou: "Você deve ser ateia."

Ao conversar com jornalistas, a mulher não quis se identificar e disse que a presença de Haddad no local era um sacrilégio. "A Igreja Católica não permite. Ele é um abortista, não tinha que estar aqui dentro", afirmou.

Durante a missa e após a cerimônia, a mulher fez filmagens, transmissões ao vivo pelo celular para uma rede social e disse que iria "denunciar" o ato.

Haddad fez um discurso em frente à igreja pedindo apoio dos fiéis. "Nunca deixei de olhar todo mundo. Todo mundo é igual, ninguém é melhor do que ninguém", discursou.

*Com informações da Agência Estado

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