Haddad questiona limite de Bolsonaro e diz: 'campanha pode não acabar bem'

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

  • Nelson Antoine/Estadão Conteúdo

    14.out.2018 - O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, participa de encontro com pessoas com deficiência em um hotel no centro de São Paulo

    14.out.2018 - O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, participa de encontro com pessoas com deficiência em um hotel no centro de São Paulo

Em seu mais duro pronunciamento contra o adversário, o candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, questionou qual é o "limite da loucura" de Jair Bolsonaro (PSL). Haddad repudiou o pedido de direito de resposta do oponente ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Bolsonaro afirma que a campanha de Haddad tem usado expressões fora de contexto e o ligado a episódios de morte e violência.

"Eu estou mentindo se levo isso à televisão? Está gravado o pronunciamento dele", disse Haddad. "Agora ele quer dizer que não. Vai acusar minha campanha... Fomos nós que inventamos isso? Está gravado. O que está fora de contexto?"

Para Haddad, as acusações de Bolsonaro estão "ficando sérias, com muita ofensa desnecessária". Ele também pediu que a imprensa questione as afirmações do candidato e de seus aliados.

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"Ou nós colocamos as coisas nos trilhos para sair dessa com liberdade, com respeito, ou nós vamos muito mal. Se a imprensa não ajudar, essa campanha não vai terminar bem. Não é assim que se ganha uma eleição", disse. "A democracia está em risco. Acordem".

O petista diz que reforça o apelo para a campanha de Bolsonaro "parar com isso", ligado o oponente a uma "usina de fake news" no WhatsApp. "Aí eles: 'mas eu não posso me responsabilizar'. Mas quem está pagando por tudo isso? Será que custa barato fazer essa campanha por WhatsApp", disse. "Não se ganha uma eleição dessa maneira. É ruim para o Brasil. Vamos discutir propostas. Vamos participar de debates, porque ele não vai poder dizer isso na minha cara".

Haddad participou, neste domingo (14), de um "encontro com pessoas com deficiência pela democracia". Aos participantes, ele disse lamentar que Bolsonaro que "tenha votado contra a lei brasileira de inclusão".

"Mas tenho certeza que votou contra por pura desinformação. Não tem olhar para isso. Não foi educado para olhar a humanidade em toda sua complexidade e abraçar a humanidade toda".

Sobre a entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Haddad se mostrou disposto a abrir diálogo com o tucano. FHC disse que havia um muro entre ele e Bolsonaro, mas uma porta com Haddad. "Se depender de mim, essa porta vai ser aberta em nome da democracia. Porque, independentemente de o PSDB ser oposição ou situação no próximo governo se eu for eleito, o mais importante hoje é garantir as liberdades democráticas, que estão em risco no nosso país", disse o petista, que lembrou do respeito mútuo entre ele e o tucano.

Haddad também comentou, pela primeira vez, a resposta da Igreja Universal após a crítica feita pelo político a seu líder, Edir Macedo, que faria um "fundamentalismo charlatão". "Eu vejo com preocupação quando uma igreja tem um projeto de poder", disse. "Uma igreja não pode mandar no Estado brasileiro, que tem que ser de todas as crenças, independentemente de quais sejam. Por isso que eu manifestei essa preocupação, sobretudo em relação a esse projeto de poder, que agora parece querer se materializar em uma candidatura".

O petista voltou a dizer que a democracia está em risco, e criticou aliados de Bolsonaro que tentaram ligá-lo à defesa do incesto. "Qual o limite da loucura do meu adversário? Acusar um oponente de defender o incesto. Onde nós vamos parar? Vocês não vão acordar para o risco que nós estamos correndo? Quando é que a imprensa vai acordar?", questionou. "Isso põe em risco o pilar da democracia. Nós temos que dar um basta nisso [compartilhamento de notícias falsas]".

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