Paes diz que Crivella age por Witzel ao investigar BRT: "dissimulados"
Gabriel Sabóia
Do UOL, em Duque de Caxias
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José Lucena/Futura Press/Folhapress
O candidato ao governo do Rio de Janeiro Eduardo Paes (DEM)
O candidato do DEM ao governo do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, associou investigações iniciadas pela prefeitura da capital nesta terça-feira (16) sobre as obras de construção do BRT Transcarioca --uma das intervenções feitas por ocasião dos Jogos Olímpicos, quando Paes era prefeito da cidade-- ao apoio declarado do atual prefeito Marcelo Crivella (PRB) a Wilson Witzel (PSC) na corrida ao Palácio Guanabara.
"Sou favorável a qualquer investigação e, caso aja irregularidade, que venha à tona. Mas o fato é que, neste caso, o Crivella está em campanha pelo Witzel, eles são bastante parecidos. São lobos em pele de cordeiro, com aquele jeito dissimulado", disse o democrata.
A inspeção foi anunciada hoje pelo próprio Crivella, no dia seguinte à condenação do ex-secretário de obras, Alexandre Pinto, por lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato. Pinto coordenou as obras do BRT Transcarioca, corredor de ônibus que liga a Barra da Tijuca, na zona oeste, ao aeroporto do Galeão, na zona norte do Rio, e também admitiu recebimento de propina pela assinatura de contratos. O Consórcio BRT processa a prefeitura por supostos danos aos ônibus decorrentes de falhas na construção das pistas do Transcarioca.
Paes também disse que a campanha do ex-juiz federal não conta com o apoio do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) --o presidenciável não declarou apoio a Witzel, mas o postulante do PSC declarou apoio a ele.
"É o jogo deles, as pessoas votaram num holograma no primeiro turno, mas a verdade está vindo à tona sobre este candidato que oculta empresas, foge do crime quando deveria enfrentá-lo e tenta associar a sua campanha à do Bolsonaro, que não declarou apoio a ele e nem sabe quem ele é", declarou.
Procurada, a assessoria de Wilson Witzel disse que não comentará as declarações de Paes. A equipe de Crivella ainda não se manifestou.
"Sou a favor da Justiça", diz Paes após condenação de Pinto
Durante visita ao Hospital do Olho de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Paes disse não se sentir constrangido em ver o seu ex-secretário de Obras Alexandre Pinto condenado a 23 anos e cinco meses de prisão por lavagem de dinheiro. A sentença do juiz Marcelo Bretas, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato em primeira instância no Rio de Janeiro, foi revelada nesta segunda-feira (15).
"Me causou constrangimento ver o Alexandre Pinto preso. Foi uma decepção pessoal, na ocasião. Condenado, não. Sou a favor da Justiça", disse o ex-prefeito carioca.
Questionado se via problemas no fato de a condenação acontecer às vésperas do segundo turno, segundo Bretas e Witzel amigos pessoais, Paes disse não ver tom político, como vê em relação a Crivella.
"O juiz Bretas é coerente, segue trabalhando normalmente. Ao contrário do Witzel, que tenta se vincular a ele, ao juiz Sergio Moro e a quem mais lhe trouxer benefícios, mas correu da criminalidade no Espírito Santo", completou.
No horário eleitoral desta terça, Witzel e Paes voltaram a trocar acusações.
TV: Witzel usa fala de ex-secretário, e Paes recorre a vídeo sobre benefício
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