Haddad acusa Bolsonaro de criar rede de fake news e diz que vai à Justiça

Luiz Alberto Gomes

Do UOL, em São Paulo

  • Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

O candidato do PT à Presidência da República Fernando Haddad afirmou que seu adversário Jair Bolsonaro (PSL) "criou uma organização criminosa de empresários que, mediante caixa 2, está espalhando via WhatsApp mensagens mentirosas". A acusação foi feita com base na reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" desta quinta-feira (18), que mostra que empresas estão bancando campanha contra o PT nas redes sociais.

"Vamos pedir providências para a Justiça Eleitoral e Polícia Federal para que estes empresários corruptos sejam imediatamente presos para parar com essas mensagens de WhatsApp", afirmou Haddad em entrevista à Super Rádio Tupi, do Rio de Janeiro.

Segundo a Folha, empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação no próximo fim de semana, a sete dias do segundo turno. A Folha afirma que os contratos chegam a custar R$ 12 milhões e cada um garante centenas de milhões de mensagens. A prática é ilegal porque representa doação de campanha de empresas, proibida desde 2015, e não declarada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O candidato do PT acusou Bolsonaro de praticar caixa 2 com as ações ligadas com empresários e diz que vai impedir o adversário de "agredir a democracia", como "ele fez a vida inteira". "Ele, que foge dos debates, não vai poder fugir da Justiça", disse Haddad. "Ele, que diz que faz campanha pobre, foi desmentido hoje. A campanha dele é a mais rica do país, com dinheiro sujo." 

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Mais cedo, o petista já havia comentado a reportagem e dito que Bolsonaro age "nas sombras". "Meu adversário joga na sombra o tempo todo enquanto foge dos debates na luz do dia. Joga sujo junto com a turma do dinheiro para enganar o eleitor", disse o petista.

Em nota, o PT afirmou que há "uma ação coordenada para influenciar o processo eleitoral, que não pode ser ignorada pela Justiça Eleitoral nem ficar impune" e que está tomando todas as medidas judiciais para que Bolsonaro "responda por seus crimes". O partido afirma que entrará com ação no TSE nesta quinta.

"Os métodos criminosos do deputado Jair Bolsonaro são intoleráveis na democracia. As instituições brasileiras têm a obrigação de agir em defesa da lisura do processo eleitoral", cobrou o partido em seu comunicado.

No twitter, Bolsonaro respondeu que "apoio voluntário é algo que o PT desconhece e não aceita. Sempre fizeram política comprando consciências."

Em comentário replicado por Bolsonaro, seu filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio, acusou o jornal e o PT de "contar meias verdades ou mentiras descontextualizadas".

Deputado federal do Rio de Janeiro, Jean Wyllys (PSOL) entrou com uma representação na Procuradoria-Geral Eleitoral pedindo uma investigação. Para o parlamentar, o caso pode representar crime de caixa 2 e abuso de poder econômico.

Advogado vê "caso clássico de caixa 2"

De acordo com o advogado Guilherme Salles Gonçalves, especialista em Direito Eleitoral e membro fundador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político, a prática revelada pelo jornal pode ser enquadrada como um caso clássico de caixa 2 eleitoral, com agravantes e poderia levar à cassação da chapa de Bolsonaro.

"É um caso clássico de caixa 2 duplamente qualificado. Primeiro é um caso de gasto a favor da candidatura vindo fora do orçamento da campanha. Depois, é feito por fonte vedada. A decisão do Supremo Tribunal Federal proibiu doação de empresa a partidos e candidatos em qualquer momento, sobretudo em campanha eleitoral", explicou. "A punição não tem gradação. Ou caça ou não pune."

O advogado acrescenta ainda que o Whatsapp se enquadra nas regras de uso das redes sociais. Ou seja, eleitores não podem pagar por impulsionamento e nem fazer propaganda disfarçada de um candidato. "Avaliando bem tecnicamente, de fato essa circunstância coloca em risco a eleição do candidato. É um caldo perfeito para gerar problema", afirmou.

Acusações de notícias falsas

A campanha petista já havia reclamado de Bolsonaro e o acusado de ter ligações com notícias falsas espalhadas nas redes sociais. Na reta final do primeiro turno, o ex-prefeito de São Paulo disse que a campanha do pesselista espalhava fake news contra sua família.

Na última quarta (17), a coligação O Povo Feliz de Novo pediu que a Polícia Federal investigue Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão (PRTB), por disseminação de notícias falsas. Presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann afirmou o partido subestimou o poder do WhatsApp na campanha.

Na segunda (15), o TSE determinou que Bolsonaro retirasse seis postagens de suas contas no Facebook e YouTube, todas dirigidas contra seu adversário no segundo turno da eleição.

A poucos dias do segundo turno, o TSE agiu. No entanto, seguem circulando boatos de que o petista pretenderia legalizar o incesto e a pedofilia. Segundo a mais recente pesquisa de intenção de voto do Ibope, ele está 18 pontos percentuais atrás de Bolsonaro. (*Com  Reuters, DW e Estadão Conteúdo)

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