PT diz que TSE prometeu resposta sobre suspeitas de uso ilegal do WhatsApp

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília*

  • Heuler Andrey / AFP

    Gleisi disse que PT confia no TSE, mas está preocupado com a rapidez na resposta

    Gleisi disse que PT confia no TSE, mas está preocupado com a rapidez na resposta

Após reunião com a presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Rosa Weber, representantes do PT afirmaram que o tribunal deverá dar uma resposta ainda nesta sexta-feira (19) ao pedido de investigação apresentado pela campanha do partido contra o suposto uso ilegal do aplicativo WhatsApp a favor de Jair Bolsonaro (PSL), candidato a presidente da República.

A campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência entrou com uma ação no TSE na quinta-feira contra a campanha de Bolsonaro por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. O partido também pede que empresas acusadas de envolvimento em um suposto esquema ilegal de propaganda contra o PT no WhatsApp sejam investigadas.

A ação está sob a responsabilidade do corregedor do TSE, ministro Jorge Mussi. Segundo o advogado Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça e representante da chapa do PT, a presidente Rosa Weber afirmou que iria pedir que Mussi julgasse ainda hoje o pedido do partido.

"Vai haver uma resposta hoje ainda. Se agrada ou não agrada é uma outra questão", disse Aragão.

As suspeitas sobre financiamento ilegal da campanha de Bolsonaro por empresas que apoiam sua candidatura foram reveladas por reportagem da Folha de S.Paulo publicada na quinta-feira.

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a disseminação de fake news, notícias falsas divulgadas intencionalmente, podem ter influenciado o resultado do primeiro turno.

"Nós estamos numa situação muito diferenciada que pode levar, e levou no primeiro turno, não tenho dúvidas disso, à indução do voto do eleitor por uma fábrica de mentiras", disse.

Gleisi disse que o partido confia na condução das eleições pelo TSE, mas está preocupado com a rapidez na resposta às fake news.

"Em primeiro lugar quero deixar claro aqui o respeito que nós temos ao Tribunal Superior Eleitoral, ao sistema que o tribunal tem das urnas eletrônicas, não há nenhum questionamento sobre isso, o tribunal tem uma lisura grande no tratamento das eleições", disse.

"Dito isso, saio muito preocupada da reunião que nós tivemos sobre as condições do tribunal de enfrentar essa nova situação pela qual está passando o processo eleitoral brasileiro, ou seja, a fabricação de notícias falsas e mentirosas e a disseminação no submundo da internet", afirmou a senadora.

Caso o TSE dê seguimento à ação e entenda que houve irregularidade na campanha, isso pode levar à perda do mandato se Bolsonaro sair vencedor do segundo turno das eleições, no dia 28 deste mês.

Além da reunião com Gleisi, Rosa Weber recebeu na tarde desta sexta uma carta de 24 advogados pedindo que o TSE aceite a ação proposta ontem pela candidatura de Haddad, que requer a investigação do esquema de propaganda ilegal denunciado pela Folha.

"Para que existe a Lei da Ficha Limpa se a propaganda suja contamina a eleição?", questiona o grupo na mensagem, que inclui um anexo com uma série de notícias falsas contra Haddad.

Os advogados lembram que o ministro Luiz Fux, antecessor de Rosa Weber no comando do TSE, declarou que uma eleição pode ser anulada se o resultado for influenciado por notícias falsas.

Fazem parte do grupo nomes como o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence; o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo; e juristas e advogados como Lênio Streck, Celso Bandeira de Mello, Alberto Toron e Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Os advogados querem se reunir com Rosa Weber na semana que vem.

A campanha de Bolsonaro afirmou não ter conhecimento de qualquer esquema irregular no WhatsApp, disse que vão notificar as empresas citadas na reportagem da Folha a se explicar e prometeram processar o adversário Fernando Haddad.

Na quinta-feira, Bolsonaro afirmou não ter controle sobre eventuais ações de apoiadores.

"Eu não tenho controle se tem empresário simpático a mim fazendo isso. Eu sei que fere a legislação. Mas eu não tenho controle, não tenho como saber e tomar providência. Pode ser gente até ligada à esquerda que diz que está comigo para tentar complicar a minha vida me denunciando por abuso de poder econômico", afirmou o candidato ao site "O Antagonista".

No Datafolha desta quinta, feito a dez dias do segundo turno da eleição presidencial, Bolsonaro teve 59% dos votos válidos, contra 41% para Haddad. (*Colaborou Bernardo Barbosa, de São Paulo)

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