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No Nordeste, Dilma ouve críticas de governadores aliados e elogios da oposição

Carlos Madeiro

Especial para o UOL Notícias<BR>Em Arapiraca (AL)

25/07/2011 17h13

Os governadores do Nordeste que compõem os partidos governistas aproveitaram o encontro com a presidente Dilma Rousseff em Arapiraca (AL), nesta segunda-feira (25), para cobrar mais investimentos federais na região, em especial a defesa do aumento de financiamento à saúde. Diferentemente do esperado, os governadores da oposição foram só elogios ao programa Brasil sem Miséria, lançado hoje no Nordeste.

O primeiro a fazer cobranças foi o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que pediu mais investimentos na rede de saúde secundária, deixando a entender que apoia a criação de um novo imposto para financiamento do setor. “A saúde precisa de uma fonte de renda complementar. A saúde é um, se não for o maior, problema das pessoas no Nordeste, em especial os pobres. Acho que o assunto merecia uma atenção especial, principalmente a atenção secundária”, disse.

O governador paraibano, Ricardo Coutinho (PSB), defendeu ampliação da infraestrutura da região para que os Estados consigam reduzir a miséria. “É preciso investimentos na educação, em estradas vicinais para escoar a produção, mais saúde. Só assim vamos mudar esses indicadores do Nordeste, que ainda são muitos ruins. Se o governo federal com os Estados focarem no desenvolvimento social, daqui a quatro anos teremos um Nordeste diferente. Mas é preciso a união de governo federal, Estados e municípios”, disse.

Outro que também cobrou a presidente foi o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). Para ele, há falta de médicos e enfermeiros no Nordeste. “Sei que a senhora está ciente, mas faltam profissionais de saúde no Nordeste. Não adianta falar daquilo que não é verdade. Não temos médicos, enfermeiros para abrir equipes do PSF [Programa de Saúde da Família], e a senhora terá nossa solidariedade para tomar ações nessa caminhada”, disse.

O governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), criticou a dificuldade em conseguir crédito nos bancos públicos. “Faço um apelo a vossa excelência. A gente às vezes pede emprestado ao BNDES, ou ao Banco do Brasil, ou ao Banco do Nordeste, que são fomentos, e eles ficam se vangloriando. É uma banca, parece que nós não vamos pagar. Parece que há uma desconfiança prévia. O financiamento está sendo responsável por tanta coisa boa nesse país”, disse Martins.

Anfitrião, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) usou a palavra apenas para elogiar a presidente Dilma. “Quero dizer da alegria, em nome de todos os alagoanos, e da honra em receber a presidente do Brasil em Alagoas. Finalmente colocaram um dedo de cura na ferida mais antiga do Nordeste, que é a falta de água e a compra dos produtos do pequeno agricultor”, afirmou o tucano.

A Democrata Rosalba Carlini, do Rio Grande do Norte, aproveitou para apresentar as ações do governo estadual contra a miséria e também afirmou estar confiante nos resultados do Brasil sem Miséria. “Sei desse desafio, mas vamos fazer juntos para findar a miséria no Nordeste. Esse é um dia histórico”, afirmou.

Protestos

Apesar da recepção calorosa da maioria dos alagoanos, a presidente passou por dois protestos de segmentos distintos. Logo na chegada a Arapiraca, os técnicos da Universidade Federal de Alagoas vaiaram a chegada de Dilma ao local.

Eles cobravam a negociação com a categoria, em greve há 40 dias. Os servidores chegaram a fazer um boneco com cerca de 3 metros de altura da presidente, com os dizerem “Dil-má”.

À tarde, durante o evento público de lançamento do programa Brasil sem Miséria, foi a vez de os movimentos rurais gritarem, na chegada de Dilma ao palanque, que “sem reforma agrária, a miséria não acaba”.