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PMDB entrega manifesto a Temer reclamando de tratamento "injusto" e "desigual" por parte do governo

Luana Lourenço

Da Agência Brasil, em Brasília

06/03/2012 20h26

Insatisfeitos com o que chamam de “hegemonia do PT" no governo, 26 deputados do PMDB entregaram hoje (6) ao vice-presidente, Michel Temer, um manifesto da bancada reclamando da relação do governo federal com as bases políticas do partido. O PMDB considera o tratamento recebido pelo governo de “injusto” e “desigual”.

“Esse PMDB, que hoje tem o vice-presidente da República, encontra dificuldades crescentes para seu fortalecimento político nas alianças que têm hoje com o Partido dos Trabalhadores, particularmente com o governo federal. Todo o processo de decisão das políticas públicas do governo federal, hoje, não passa pela discussão, o debate, com os partidos da base e com o próprio PMDB”, diz o texto, assinado por 53 deputados peemedebistas. O líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, disse que até amanhã (7) toda a bancada deverá chancelar a manifestação.

O deputado Osmar Terra (RS) reclamou da falta de interação do governo com partidos da base e disse que o tratamento desigual pode prejudicar o PMDB nas eleições municipais. “Não dá para ir para o processo eleitoral dizendo que somos da base do governo quando somos tratados de forma tão desigual. Na prática, o PT quer ser um partido único. Não somos uma sublegenda do PT, temos que ser respeitados”.

Terra disse que os deputados da base aliada só ficam sabendo de anúncios importantes do governo pelos jornais e que só parlamentares petistas acompanham atividades do governo federal nos estados e municípios. “Esse é um governo de um partido único, os aliados são tratados como meros figurantes”, reclamou.

A disputa eleitoral também é citada no manifesto. “Estamos vivendo em uma encruzilhada, onde o PT se prepara com ampla estrutura governamental para tirar, do PMDB, o protagonismo municipalista e assumir seu lugar como maior partido com base municipal do país”, diz o texto.

Segundo o deputado peemedebista Eduardo Cunha (RJ), a insatisfação não está ligada à disputa por cargos, mas por um novo tratamento ao partido, principal legenda da base aliada. “Isso aqui é uma movimentação política que visa a uma mudança de patamar e de tratamento político. Não estamos querendo resposta, queremos uma mudança de tratamento. Isso não se faz com uma palavra, se faz com uma continuidade de ações”.

Cunha lembrou que o PMDB foi fiel ao governo nas votações, no Congresso Nacional, da Desvinculação de Receitas da União (DRU), do salário mínimo e da criação do Fundo de Previdência Complementar do Serviço Público Federal (Funpresp), as mais importantes para a gestão Dilma Rousseff até agora. “O PMDB foi o partido mais fiel, optou por esse caminho para ter o reconhecimento no tratamento político, e esse reconhecimento não está acontecendo”, queixou-se.

De acordo com os deputados, Temer compreende as reivindicações da bancada e deverá intermediar encontros entre os insatisfeitos, a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais. No dia 17 de maio, o PMDB deve trazer 1,2 mil prefeitos e 8 mil vereadores a Brasília para definir as estratégias do partido nas eleições municipais.