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Dirceu deixa diretório do PT em São Paulo sob vaia de populares

Fabiana Nanô

Do UOL, em São Paulo

10/10/2012 19h03

Um dia após ser condenado por corrupção ativa pela maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão, o ex-ministro José Dirceu se reuniu com os dirigentes nacionais do PT no diretório do partido, em São Paulo. Ele deixou o local em um carro blindado e sem falar com a imprensa por volta das 18h.

Dirceu e Genoino se reúnem com cúpula petista em SP

Ao sair da garagem do edifício, o veículo foi alvo não só dos fotógrafos e cinegrafistas, mas também da população.

"Ladrão" e "malandro" foram alguns dos gritos ouvidos. "Tem que ir para cadeia. Acabou com o dinheiro da saúde, da educação e da segurança pública. E não é só cadeia, não. Tem que devolver o dinheiro do povo", afirmou Cloves de Oliveira, subtenente reformado da Polícia Militar, que acompanhou a saída de José Dirceu do local.

A gritaria também chamou a atenção de alguns integrantes do PT presentes no diretório, que chegaram a chamar os populares que ocupavam a frente do edifício de "vagabundos".

Na reunião, Dirceu orientou o PT a esperar o fim das eleições municipais para reagir a ataques ligados ao mensalão. Ele disse aos dirigentes do partido que a prioridade agora é tentar eleger os 22 petistas que disputam o segundo turno, especialmente o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, que disputa a Prefeitura de São Paulo.

No discurso, que demorou apenas dois minutos, o ex-ministro do governo Lula evitou falar sobre sua condenação, mas afirmou que deixará sua defesa pública para depois do segundo turno, para evitar prejuízos aos candidatos do partido.

Julgamento do STF

A maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) condenou o ex-ministro José Dirceu por corrupção ativa no processo do mensalão na ultima terça-feira (9). Tanto o relator Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Marco Aurélio votaram pela condenação do réu, que foi absolvido apenas pelo revisor Ricardo Lewandowski e por Dias Toffoli, ex-advogado do PT.

Em nota, Dirceu disse que acatará a decisao do Supremo, mas não se calará: "Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência." Sua defesa afirmou ainda que a condenação por corrupção ativa não implica necessariamente na sua eventual condenação pelo crime de lavagem de dinheiro, a ser julgada nas próximas semanas.

Pelo menos cinco ministros já afirmaram que Dirceu comandou o mensalão --Aurélio, Mendes, Lúcia, Fux e Barbosa-- e dava respaldo ao ex-presidente da sigla José Genoino e ao ex-tesoureiro Delúbio Soares --ambos também condenados pela maioria da Corte-- para que realizassem as negociações de compra de apoio político dos parlamentares da base aliada no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.