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Condenado pelo mensalão, Dirceu participa de reunião do PT em Brasília

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

07/12/2012 12h17Atualizada em 07/12/2012 13h08

Condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão, José Dirceu participou nesta sexta-feira (7) de reunião do diretório nacional do PT, em Brasília. Ele entrou pela garagem do prédio e não falou com a imprensa. O encontro, que irá discutir a conjuntura política do partido, teve início por volta das 11h30 e a estimativa é que termine por volta das 19h. A expectativa era que o ex-presidente da sigla José Genoino, também condenado pelo Supremo, participasse do encontro, mas ele não está presente.

O deputado federal João Paulo Cunha (SP) também é membro do diretório, mas não deve comparecer ao encontro. Um documento sobre a conjuntura do partido deve ser divulgado amanhã, quando haverá  um segundo dia de reuniões.

PENAS DO MENSALÃO

  • Arte/UOL

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Antes do início da reunião, o deputado federal André Vargas (PT-PR), secretário de comunicação da sigla, criticou o julgamento feito no STF, que, segundo ele, foi feito sem provas, e a transmissão das sessões pela TV.

“Nós realmente estamos muito tristes, lamentamos muito o formato que foi feito o julgamento por parte do Supremo. Um julgamento que foi eivado de uma agenda que não foi exatamente aquela agenda que tradicionalmente o judiciário usa, que é avaliar as provas. Nós entendemos que houve um exagero e a forma como se transmite as sessões do Supremo também é algo profundamente discutível”, afirmou.

Vargas defendeu ainda a presença no encontro de condenados no mensalão, mas evitou comentar se o PT vai bancar as multas dos réus no mensalão. Em relação à cassação dos mandatos dos deputados condenados, Vargas defendeu que seja uma decisão da Câmara.

“[Dirceu e Genoino] são nossos filiados. Estão passando por um processo de julgamento e têm todo um respeito nosso, pela nossa história, e, de certa forma, há uma solidariedade do nosso partido.” 

Na avaliação dele, o balanço do PT neste ano foi positivo, apesar dos “lamentos necessários do que aconteceu.” “Realmente é triste para todos nós [a condenação no STF]. De toda sorte, a avaliação do PT é uma avaliação positiva, com os lamentos necessários do que aconteceu. É uma avaliação positiva, porque vencemos as eleições, é um partido de um milhão e meio de filiados, e esses filiados, claro, que olham para esse ano como um ano difícil, duro por conta disso, mas também com um ano de vitórias e superação”, disse.

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) também defendeu a presença de José Dirceu na reunião, negando que causasse qualquer constrangimento ao partido, e acrescentou que ele “é um formulador de política para o PT”. Ao comentar sobre a conduta de integrantes do partido, Benedita chegou a ficar alterada. Defendeu que a decisão sobre a eventual perda de mandato de condenados deveria partir da Câmara dos Deputados.

“Estamos falando de competência, de quem é eleito por voto direto do povo e a instância que nós politicamente julgamos ser a ideal para fazer determinado julgamento. Nós julgamos mandato. Então, se o povo deu o mandato, quem está no Congresso são pessoas que foram pelo povo eleitas para tomarem a decisão”, disse.

Indagada sobre o procedimento que o partido deve tomar em relação a Dirceu e Genoino, já que o Código de Ética da sigla recomenda a expulsão de filiados condenados, Benedita respondeu apenas que, “no Partido dos Trabalhadores, também cabe direito de defesa com clareza e comprovação".