Favorito para presidir Câmara, Henrique Alves diz que Legislativo é "injustiçado" e critica dossiê
O deputado federal Henrique Alves (PMDB-RN), favorito para vencer a presidência da Câmara dos Deputados, começou o seu discurso no plenário nesta segunda-feira (4) como candidato criticando o dossiê apócrifo com reportagens veiculadas nas últimas semanas com denúncias contra ele. Segundo ele, a Câmara é "a casa mais injustiçada dos poderes".
“É um comportamento sem rosto, anônimo, clandestino”, disse em referência ao documento, acrescentando que isso não irá atingi-lo. “Somos injustiçados”, disse, sendo bastante aplaudido.
Dizendo-se vítima, criticou a recente publicação na imprensa de diversas matérias contra ele. “Nos últimos dias, no mês eleitoral, os senhores sabem exatamente do que estou falando, de repente, quiseram rediscutir o Henrique, desfazer o Henrique, reconstruir outro Henrique.”
Em sua defesa, Alves citou que foi ele o relator do pré-sal, do programa Minha Casa Minha Vida, além de autor de mais de mil emendas individuais para o Estado dele, o Rio Grande do Norte.
Ressaltou que cumpre mandato parlamentar há 42 anos e citou os cerca de 20 partidos que declararam apoio a ele, incluindo legendas da base governista e da oposição, como PT, PP, PSD, PDT, PSC, PSDB, DEM, PPS e PCdoB.
Mesa Diretora da Câmara
“Eu não quero voto escondido. Não quero por imposição, (...) por conveniência. A minha história de vida e de experiência exigem o voto da coerência, do caráter e da honradez.”
Em um discurso inflamado, afirmou que a sua experiência na Casa dá credenciais a ele para que conheça as necessidades da Câmara. Seu discurso foi aplaudido pelos colegas durante vários momentos.
Disse ainda que tem os deputados, “não importa se sentam lá ou acolá, todos os que aqui estão foram consagrados pelo voto popular”, e que devem atuar “na honra, na ética, no trabalho, no serviço prestado, nas mãos limpas”.
Alves listou, em seguida, algumas de suas propostas como candidato, incluindo a criação de uma comissão especial para apreciar teto das emendas parlamentares e a distribuição de relatorias dos projetos de forma igualitária para os partidos. Criticou ainda o acúmulo de 3.000 vetos presidenciais que aguardam análise do plenário. “Vamos tornar esta Casa um palco de debates.”
O deputado concluiu o seu discurso afirmando que irá “honrar o Parlamento.”
Eleição
Após eleger o senador Renan Calheiros (AL) mesmo sob uma enxurrada de denúncias de irregularidades, o PMDB também é favorito para fazer o novo comandante da Câmara dos Deputados na eleição de hoje.
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Assim como seu correligionário no Senado, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) vem sendo alvo de inúmeras denúncias. Ele concorre com Rose de Freitas (ES), Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSOL-RJ).
Denúncias recentes
Uma série de denúncias atingiu Henrique Alves nas últimas semanas. Reportagens da "Folha de S.Paulo" apontaram que líder peemedebista beneficiou a empresa de seu ex-assessor na Câmara, Aluizio Dutra de Almeida, que também é tesoureiro do PMDB no Rio Grande do Norte por meio de emendas parlamentares.
Almeida era assessor do deputado desde 1998 e pediu demissão após a denúncia. A empresa dele, Bonacci Engenharia e Comércio Ltda., segundo o jornal, recebeu pelo menos R$ 1,2 milhão do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), órgão federal cujo comando era indicado por Alves. A Bonacci, ainda de acordo com a "Folha", fica em bairro de classe média baixa em Natal, não tem funcionário em sua sede e é vigiada por um bode.
Outra reportagem, da revista "Veja" de 16 de janeiro, mostra que Alves contratou uma empresa de aluguel de veículos com registro em nome de um laranja. Para responder à questão, o deputado primeiro que usava carro próprio, depois falou que o veículo era alugado, mas não lembrava do modelo. Por fim, um assessor de gabinete dele disse que o contrato foi feito a pedido do próprio deputado, que "talvez não se lembre".
Na semana passada, Alves passou a ser investigado pelo Ministério Público Federal pelo repasse de dinheiro público para as duas empresas de alugue.
Antes da sessão que o elegeu, Alves disse desconhecer as denúncias que pesam contra ele. "Que denúncias? Desconheço. Absolutamente."
Na semana passada, documentos obtidos pela “Folha de S.Paulo” revelaram que, em troca de apoio político, Henrique Eduardo Alves fez lobby para agilizar processos de aliados na Comissão de Anistia, órgão vinculado ao Ministério da Justiça que julga pedidos de indenizações a pessoas perseguidas pela ditadura militar. Juntos, Renan Calheiros e Alves pediram que 17 casos fossem analisados de forma prioritária desde 2005. À Folha, o deputado negou irregularidades nos procedimentos na Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça.
Denúncias antigas
Em 2002, Alves já havia tido uma indicação prejudicada por denúncias. Possível aspirante a vice na chapa de José Serra (PSDB) na campanha à Presidência da República, o nome dele foi descartado depois que sua ex-mulher Mônica Infante de Azambuja, em busca de uma pensão alimentícia maior durante o período de negociação do divórcio, denunciou à imprensa que Alves mantinha US$ 15 milhões em contas bancárias não declaradas no exterior e que o marido usava laranjas para encobrir o patrimônio.
A então deputada federal Rita Camata (PMDB-ES) foi escolhida como vice de Serra, que acabou derrotado no pleito daquele ano por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em 2007, outro fato causou desconforto. Alves teve de se explicar por que gastou R$ 25 mil com a divulgação de suas atividades no jornal "Tribuna do Norte", de propriedade dele e de sua família no Rio Grande do Norte. A justificativa foi a de que o jornal passou a cobrar o que fazia de graça para "propagandear" um de seus proprietários.
Alves vem de uma família de políticos e donos de um conglomerado de mídia, que inclui rádios, TVs e jornal. Entre eles estão o pai, Aluízio Alves, que foi deputado, ministro dos governos José Sarney e Itamar Franco e governador do Rio Grande do Norte; o primo, Garibaldi Alves Filho (atual ministro da Previdência do governo Dilma), que se licenciou do Senado, onde o tio Garibaldi Alves assumiu como primeiro suplente; outro primo, Carlos Eduardo Alves, foi eleito prefeito de Natal no último pleito e ocupa o cargo pela terceira vez.
Acostumado com campanhas, o deputado apontou que as novas denúncias contra ele fariam parte do "jogo pré-eleitoral" para diminuir o seu potencial como candidato.
"Se eu for relacionar a quantidade de emendas, de convênios que eu destinei ao meu Estado e ao meu município nos últimos dez anos, beira as mil. De repente, sou acusado de [irregularidades em] três emendas ali ou lá. É um negócio difícil de entender, mas, como democrata, tenho que aceitar", disse em entrevista no último dia 15.
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