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Sem Rede, votos de Marina serão pulverizados, e Dilma se beneficiará, dizem analistas

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

03/10/2013 22h16Atualizada em 03/10/2013 22h57

Com a não obtenção do registro pela Rede Sustentabilidade, os votos que seriam dirigidos à Marina Silva, segunda colocada nas últimas pesquisas eleitorais, devem se pulverizar, caso a ex-senadora não dispute a sucessão presidencial por outra sigla, avaliam cientistas políticos entrevistados pelo UOL.

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Para os analistas, a maior beneficiária da ausência de Marina é a presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, mas Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), também receberiam votos da ex-senadora.

“Há uma tendência de pulverização. Já ocorreu isso nas últimas eleições em que houve a participação da Marina”, afirmou Francisco Fonseca, professor de Ciência Política da FGV-SP (Faculdade Getúlio Vargas de São Paulo), referindo-se ao pleito de 2010, em que Marina terminou em terceiro lugar. No segundo turno, parte dos votos da ex-senadora migraram para Dilma e outra parcela ao tucano José Serra.

“Esses votos não serão descarregados em um candidato só. Uma parte vota em branco ou nulo, outra parte vai para a oposição tradicional [PSDB] ou para partidos de esquerda, como o PSOL, e também há uma parte que votará em Dilma. Não podemos nos esquecer que a origem dela é o PT. Ela só é o que é porque participou do governo Lula.”, acrescentou Fonseca, que aponta ainda que Eduardo Campos, provável candidato do PSB, também deve ganhar votos de Marina.

Para o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), é difícil identificar para onde vão os votos de Marina porque eleitorado da ex-senadora é “heterogêneo”. “Esse eleitorado não tem um perfil claro. Tem gente que vota na Marina porque é evangélico, ambientalista ou pela integridade que ela representa. Provavelmente o eleitorado vai se dividir”, diz.

 

Na última pesquisa Ibope, divulgada em 26 de setembro, Dilma apareceu com 38% das intenções de voto, contra 16% de Marina, 11% de Aécio e 5% de Campos. Na pesquisa anterior, divulgada em julho, sob impacto dos protestos, a presidente tinha 30% das intenções, ante 22% de Marina (nas duas pesquisas a margem de erro foi de dois pontos percentuais para mais ou para menos).

“No cômputo geral, como a dinâmica das últimas pesquisas vêm favorecendo a Dilma, a tendência é que ela seja a maior beneficiada”, afirma Reis. “Me parece que, neste momento, aparentemente, a candidatura sai fortalecida, até porque, quanto mais candidatos, maior a possibilidade de se jogar a eleição para o segundo turno”, avalia Fonseca.

Repercussão

Para o deputado federal Roberto Freire (SP), presidente do PPS, a ausência de Marina “prejudica as oposições”, que não irá ser favorecida com os votos da ex-senadora. “O voto é da Marina”, afirmou. “O governo está por trás disso tudo. Há muito tempo está trabalhando para impedir o registro da Rede”, acusou Freire.

Para o senador Jorge Viana (PT-AC), amigo da ex-senadora, “o eleitor de Marina é difícil de ser conquistado porque querem ser sujeitos do processo político”.

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que desde início defendeu a criação da Rede, afirma que “ninguém será beneficiado” com a ausência de Marina. “Perde o debate político. Teríamos quatro bons candidatos: Eduardo, Dilma, Aécio e Marina, cuja presença enriqueceria o debate.”

O deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), que migraria para a Rede, afirmou que "a luta continua". "A #Rede aposta no futuro.  E o futuro tem um nome: Brasil! A luta pela redemocratização da democracia continua."

Em nota, Aécio lamentou a decisão do TSE. "Lamentamos a decisão do TSE, mas temos que aceitar e respeitar a decisão da Justiça. Mantemos a posição que já externamos em outras oportunidades: a presença de Marina Silva engrandece o debate democrático de ideias."

No Twitter, os petistas Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal, e José Eduardo Dutra, comentaram a decisão do tribunal. "A #Rede furou: TSE diz não à pressão midiática, chantagem política e lobby de artistas pró Marina", escreveu Greenhalgh. "Começando o mimimi de que foi a Dilma que articulou pra rejeitar a rede em 3 , 2, 1", ironizou Dutra.