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Em tom de campanha, Lula fala em "tirar o país da lama"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de seminário de educação em Brasília - André Dusek/Estadão
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de seminário de educação em Brasília Imagem: André Dusek/Estadão

Do UOL, em São Paulo*

12/01/2017 19h35

Em tom de campanha, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira (12) que vai "tirar o país da lama", em um seminário de educação em Brasília. 

"Quem é que vai tirar o país da lama que ele ficou?", fez a pergunta retórica a uma plateia de simpatizantes, que respondeu "Lula!". O petista participou do 33º congresso da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação).  

Lula afirmou que o governo do presidente Michel Temer é responsável por "quebrar" o Brasil. "Esse país não merece [o que está passando]. Eu não imaginei voltar a ver crianças pedindo esmolas nas ruas", exemplificou. O ex-presidente também disse que os pobres voltaram a passar fome e criticou a taxa de juros Selic. 

Ele voltou a acusar Temer de ter cometido um golpe, mencionando o impeachment de Dilma Rousseff. "Não deram um golpe para fazer melhor do que nós, e sim para destruir o que fizemos. Estão destruindo o país que nós começamos a construir."

A fala do ex-presidente do evento foi acompanhada de gritos de "Volta, Lula". Pela segunda vez nesta semana, o petista usou a expressão "se preparem", em referência a possível candidatura dele à Presidência da República em 2018. "Porque se eu voltar, eu voltar para fazer muito mais", disse.

Antes de mencionar que deve se candidatar ao Planalto, Lula afirmou que o país precisa de alguém com "credibilidade". "Não existe possibilidade de ter credibilidade alguém que não tenha voto. Alguém que conte uma mentira desvairada para ser presidente. Se quiser ser presidente, vai pedir voto para o povo. Quer ser presidente, vai disputar eleição."

"Direito de candidatura' 

Este é o segundo pronunciamento de Lula neste ano. Na quarta-feira (11), o petista defendeu o "direito de candidatura" à Presidência durante o 29º Encontro Estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Salvador. Réu em cinco ações penais, ele voltou a afirmar que poderá disputar novamente o Palácio do Planalto.

"Se o (presidente Michel) Temer quer ser, ótimo, se o (ministro José) Serra quer ser, ótimo, se o (juiz Sergio) Moro quer ser, ótimo, se os delegados (da Polícia Federal) querem ser... Todo mudo que quer ser candidato tem direito, entre num partido e vá para as ruas", afirmou.

O PT pretende lançar a candidatura de Lula a um terceiro mandato presidencial para, no máximo, até maio deste ano. A antecipação tem por objetivo aproveitar a baixa popularidade do governo Michel Temer e reforçar a defesa jurídica do ex-presidente, réu em cinco ações penais, duas delas diretamente no âmbito da Operação Lava Jato. Nenhum dos processos foi julgado até agora. Caso seja condenado em segunda instância, por órgão colegiado, Lula ficaria inelegível com base na Lei Ficha Limpa. 

Lula é hostilizado

Um grupo de aproximadamente 50 pessoas fez um protesto contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura do evento. Aos gritos de "Fora Temer, Fora Todos" e "Lula não nos representa", os militantes da Central Sindical e Popular-Conlutas viraram as costas quando Lula começou a falar. Foram hostilizados pela plateia e tiveram de se retirar do auditório do Centro de Convenções Ulysses Guimarães.

"Esse congresso age de forma antidemocrática ao convidar um ex-presidente que não colaborou em nada com a educação", afirmou a professora Janaína Rodrigues, filiada ao PSTU e uma das militantes do grupo. "As ações do governo Lula e Dilma não foram para beneficiar os trabalhadores, mas os barões de ensino e os banqueiros."

No momento do protesto, a plateia começou a gritar "Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula", em defesa do ex-presidente, chamado de "guerreiro do povo brasileiro". Com chapéu panamá na cabeça e uma mochila nas costas, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares circulava tranquilamente no auditório.

Antes da chegada de Lula, todos os discursos pediam a saída do presidente Michel Temer, tratavam o impeachment de Dilma Rousseff como "golpe" e pregavam a volta do PT ao poder.

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas, disse que 2017 será marcado por um ano de lutas contra Temer. "Nós não reconhecemos esse governo golpista e nossa função é derrubá-lo, o quanto antes possível. Precisamos fazer eleições diretas ainda em 2017 para o Brasil voltar a crescer", afirmou ele.

Vagner pregou uma greve geral para "acabar com o governo", derrotando Temer no Congresso. "Não há entendimento nem acordo com golpista. Querem nos enfrentar de maneira a nos destruir e nos aniquilar. O Temer não quer reforma da Previdência; quer vender a Previdência como ativo para os bancos privados." (*Com informações do Estadão Conteúdo)