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MPF denuncia Cabral por prática de lavagem de dinheiro por 148 vezes

Rodrigo Félix/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo
Imagem: Rodrigo Félix/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

21/02/2017 15h23Atualizada em 21/02/2017 16h13

O ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB) foi alvo de nova denúncia apresentada nesta terça-feira (21) pelo MPF (Ministério Público Federal) à 7ª Vara Federal. Além do peemedebista, o ex-assessor da Casa Civil do governo do Rio Ary Filho e o operador Carlos Miranda foram denunciados pelo crime de lavagem de dinheiro. 

Essa é a quinta vez que o ex-governador é denunciado em esquemas de corrupção desde que foi preso, em novembro passado. Atualmente, ele está no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.

O esquema apontado trata do desvio de recursos públicos investigado pela operação Lava Jato no Rio e que, segundo o MPF, era liderado por Cabral. A peça do MPF denunciou Ary Filho também por pertencer a organização criminosa.

De acordo com o MPF, a denúncia é resultado da Operação Mascate e aponta que serviços de consultoria e aquisição de veículos e imóveis teriam sido simulados para lavar recursos ilícitos.

A investigação apontou que Cabral, Ary Filho e Miranda teriam se valido de três formas diferentes para promover a lavagem de ativos em 148 oportunidades. Isso teria sido realizado por meio de transferências bancárias de empresas de um colaborador para a empresa GRALC/LRG Agropecuária, de propriedade de Miranda, com a justificativa de prestação de serviços de consultoria inexistente.

Outra forma apontada foi pela compra de veículos para a organização criminosa pelas empresas de um colaborador, além da compra de imóveis da organização pela empresa de um colaborador.

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Cabral presta depoimento nesta terça em uma ação popular que apura se houve excessos no uso de helicópteros durante o mandato do peemedebista
Imagem: Márcio Mercante/Estadão Conteúdo

Os crimes de lavagem de dinheiro pelos quais os três foram denunciados foram descobertos a partir de colaboração premiada na qual foram apresentadas provas de transações no valor de R$ 10,17 milhões, ocorridas entre 30 de agosto de 2007 e 28 de setembro de 2015.

Conforme o MPF, os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro narrados tinham por objetivo “converter os recursos de propina em ativos de aparência lícita e/ou distanciar ainda mais de sua origem ilícita o dinheiro derivado de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa.”

Além dos R$ 3,4 milhões pagos à GRALC/LRG Agropecuária a título de consultoria, a denúncia revela que os integrantes do esquema teriam ocultado a propriedade de um Camaro 2SS Conversível, avaliado em R$ 222,5 mil, e de uma Grand Cherokee Limited, avaliada em R$ 212,8 mil, bem como de sete imóveis no valor de R$ 6,3 milhões.

Ary Filho seria o responsável pela entrega do dinheiro em espécie, que, de acordo com a denúncia, depois era utilizado pelos colaboradores para pagar os serviços de fachada e adquirir os carros e imóveis em nome de suas próprias empresas.

“A denúncia versa sobre crimes de pertinência a organização criminosa e de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil relacionado ao operador Ary Filho. Contudo, diante da grandiosidade do esquema criminoso, não esgota todos os crimes de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil, nem tampouco todos os fatos praticados pelo grupo, que poderão ser objeto de novas denúncias”, explicam os procuradores da República Leonardo de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Oliveira, Rodrigo Timóteo, Jesse Ambrosio dos Santos Junior, Rafael Barreto, Sérgio Pinel e Lauro Coelho Júnior, autores da denúncia.

O UOL tentou contato com o advogado de Cabral, Ary Bergher, mas ele não atendeu os telefonemas da reportagem.

Outros processos

Cabral participa hoje de audiência no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado) em outra ação, que apura se houve excessos no uso de helicópteros durante seu mandato no comando do Estado.

Cabral está preso desde 17 de novembro, sob a acusação de receber propina para fechar contratos públicos. Sua mulher, Adriana Ancelmo, foi presa em 6 de dezembro, acusada de crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Na última semana, o MPF já havia apresentado denúncia à 7ª Vara Federal contra Cabral outros 184 crimes de lavagem de dinheiro. Os fatos foram investigados na Operação Eficiência, mais um desdobramento da Lava Jato no Rio.