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Senadores do PMDB fazem acordo e decidem manter Renan na liderança do partido

Senador Renan Calheiros fala na tribuna - Fabio Rodrigues Pozzebom - 26.mai.2017 /Agência Brasil
Senador Renan Calheiros fala na tribuna Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom - 26.mai.2017 /Agência Brasil

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília*

30/05/2017 17h46Atualizada em 30/05/2017 19h46

Um dia depois de o senador Renan Calheiros (AL) subir à tribuna do plenário e elogiar o presidente Michel Temer (PMDB) --de quem defende, nos bastidores, a renúncia seguida de eleições indiretas—senadores peemedebistas decidiram, em acordo, mantê-lo na liderança do partido no Senado, em reunião realizada na tarde desta terça-feira (30).

Na semana passada, a destituição de Renan do posto era dada como certa por conta das veementes críticas ao governo, que aumentaram a insatisfação de senadores mais ligados a Temer. A expectativa era de que, no encontro de hoje, ocorresse uma votação para definir o futuro do senador alagoano. Segundo Hélio José (PMDB-DF), no entanto, os parlamentares chegaram a um acordo e nem chegaram a votar. A reunião continua em andamento.

De acordo com o senador Raimundo Lira (PMDB-PB), ficou acordado que os vice-líderes (Kátia Abreu ou Valdir Raupp) deverão falar pelo partido sobre questões em que Renan estiver em desacordo com a maioria da bancada.

"A única divergência que a gente teve foi na discussão das reformas, que alguns têm posição A e outros têm posição B, uns que apoiam e outros que não apoiam. Mas a maioria apoia", disse Hélio José após o encontro.

"Nós tivemos uma reunião bastante longa, discutindo a relação, a forma de funcionar da bancada. É importante porque havia posições divergentes", afirmou Romero Jucá (RR), presidente do partido. "Pequenas divergências têm até nas pequenas famílias, quanto mais em partido político grande como é o PMDB", completou.

Garibaldi Alves (PMDB-RN) deixou a reunião dizendo que, se Renan não mudar sua conduta como líder, "vai continuar essa indefinição, essa insatisfação, que só traz prejuízos para a bancada".

Segundo Alves, os senadores, contra a vontade dele, não quiseram votar para decidir a questão. "É democrático porque querem [que seja]", ironizou.

Segundo Jucá, os senadores deliberaram sobre dois pontos na reunião: a posição da bancada de votar e apoiar o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) na reforma trabalhista e uma moção de solidariedade ao presidente Michel Temer.

Diferente do que afirmou Jucá, o líder do PMDB no Senado afirmou que a manifestação favorável a Temer não foi discutida.

"Nós não discutimos a questão da liderança porque há uma evidente continuidade na manifestação da maioria com relação à indicação do líder e não discutimos também essa perspectiva de se fazer um apoio incondicional ao presidente [Temer], que não está em caso [...] Essa manifestação não foi aferida na bancada", disse Renan.

Questionado especificamente se houve a aprovação da moção citada por Jucá, que é líder do governo no Senado, Calheiros voltou a citar a manifestação pró-reforma trabalhista. Mas, finalmente, reconheceu que "a maioria apoia" Temer, "mas não é pensamento único na bancada". E encerrou a entrevista, pedindo desculpas aos jornalistas que esperaram quase três horas e meia pelo fim da reunião pela demora.

Renan x Planalto

Nas últimas semanas, Renan se engajou na oposição às reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo governo federal. Em discurso de mais de 30 minutos nesta segunda, no entanto, ele cumprimentou Temer pela nomeação do ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Torquato Jardim para o Ministério da Justiça, no lugar do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) –a quem já havia criticado anteriormente.

Nesta terça, antes do encontro, ele disse entender que “a reunião do PMDB é muito boa não só para que nós possamos fazer uma avaliação da liderança, da condução do partido, do que o partido deve fazer com relação a essas matérias mais conflitantes”.

“É uma oportunidade para que a gente possa conversar com todo mundo e ver com humildade quem tem mais condições de exercer a liderança nesse momento. Se for eu, eu não tenho o que fazer, eu topo o desafio”, declarou Renan.

Antes do encontro, o senador demonstrava confiança ao admitir que contava com apenas seis votos contrários a ele. Para destituí-lo, eram necessários pelo menos 12 votos –a maioria da bancada.

Responsáveis por representar os interesses das legendas nas reuniões com o presidente da Casa em que são definidas as pautas de votação, os líderes partidários têm a prerrogativa de indicar membros das comissões no Senado. A eles, também é concedido mais tempo nas discussões das matérias. (*Com informações da Agência Brasil)